quinta-feira, 30 de maio de 2024

O estresse não é amigo do idoso – Parte III

Continuação da postagem anterior... Nos últimos 100 anos, a prevenção e o controle dos níveis de estresse têm sido objeto de pesquisa dos cientistas da área da psicologia, psiquiatria e da saúde mental e as publicações relacionadas ao tema são inúmeras. Os traumas, em geral, produzem estresses mais ou menos graves. Uma vez, eu estava no carro com uma amiga, à noite e fui assaltada por um rapaz que apontou uma arma para mim, enquanto me pedia a bolsa. Ele pegou a bolsa e saiu correndo. Toda essa ocorrência não demorou mais de 5 ou 10 minutos. Eu fiquei tremendo e, durante 3 ou 4 meses, qualquer pessoa que chegasse perto do vidro da janela do carro, dava-me uma espécie de choque ou susto e deixava-me a tremer por alguns minutos. Nunca pensei que algo “tão rápido e sem grandes impactos ou consequências” pudesse abalar-me dessa forma. Nos casos de estresse agudo de pouca intensidade como uma contrariedade ocasional, sensações de aborrecimento ou preocupação, discussão e similares podem ser impedidos de ocasionar estresse se procurarmos relaxar, beber um copo de leite morno, tomar um banho quente, conversar com amigos, assistir a vídeos relaxantes, darmo-nos um presente, ouvir uma música agradável, tirar um cochilo, ler um livro interessante ou permitir uns minutos de silêncio ou de meditação. Essas pequenas ações obrigam os pensamentos a saírem dos eventos causadores de estresse e aliviam as pessoas. Assim, uma poderosa arma para a prevenção são as atividades que deslocam o foco para outros objetos que nos deem prazer e aliviam as sensações estressantes. Lembro-me da minha mãe dizer, na minha adolescência, que sempre que eu tinha um “desgosto de amor”, lia um livro o dia inteiro, tricotava, bordava ou jogava jogos de cartas solitários, por muito tempo. Esses pequenos cuidados frequentes podem prevenir o aparecimento dos estresses crônicos porque as atitudes de negar os problemas e as necessidades, constantemente, acabam por permitir a instalação dos estresses crônicos. À noite, quando os problemas ou necessidades ocupam minha mente e me impedem de dormir, um copo de leite, mais um cobertor, um banho quente ou a leitura de um livro ou revista, permitem-me relaxar e adormecer. Um nível mais intenso ou mais demorado de estresse exige cuidados mais sérios. Estes casos não se podem resolver sem a atuação de profissionais especialistas, como psicólogos ou psiquiatras porque podem exigir tratamentos longos ou medicação específica. Nutricionistas podem, também, ser de grande ajuda. Como os estresses são muito desgastantes, vão enfraquecer os organismos e exigem uma alimentação capaz de repor a perda de nutrientes, como frutas, verduras, fibras, cálcio, vitaminas e sais minerais. O aconselhamento desse profissional é muito bem vindo. O tratamento vai exigir, também, atividades físicas mais constantes e sistemáticas, orientadas por especialistas, como professores de educação física ou fisioterapeutas, capazes de proporcionar melhoramentos cardíacos, vasculares, respiratórios, e aumento da resistência e força muscular. A ativação circulatória cerebral, produzida pelo exercício físico, induz a produção de substâncias naturalmente relaxantes e analgésicas, como a endorfina. O sono e o relaxamento podem ser beneficiados pelo aconselhamento profissional para garantir um repouso saudável e auxiliar a recuperação física e mental.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

O estresse não é amigo do idoso – Parte II

Continuação da postagem anterior... Os episódios de estresse, chamados de agudos, são intensos, mas de curta duração. Em geral, são provenientes de traumas, como morte de amigos ou familiares, eventos frustrantes, desilusões, fracassos e outros similares. Na vida cotidiana também podemos ser vítimas de programas televisivos estressantes, reclamações constantes, fazer muitas coisas ao mesmo tempo, ignorar suas dores e necessidades, etc. Também ocorrem os estresses de longa duração, constantes no dia a dia, talvez mais suaves, conhecidos por estresses crônicos, mas devido à sua duração longa, podem prejudicar profundamente o indivíduo. Como por exemplo, os abusos emocionais tipo “bullying”, a violência frequente, acontecimentos desagradáveis como ser vítima de assaltos, sequestros, roubos, trabalhar diariamente em atividades desagradáveis, e outros traumas similares. As causas internas são frequentemente causas de estresses crônicos, como, por exemplo, valores pessoais muito rígidos, mágoas antigas, altas expectativas ou dificuldades em dizer não. Tanto os estresses curtos como os crônicos podem causar enormes prejuízos nos seres humanos, dependendo da resposta de cada pessoa, nível de maturidade e seus níveis pessoais de resistência, condições sociais de apoio, e as circunstâncias em que o trauma aconteceu. Os estresses traumáticos, quando não tratados, podem ocasionar muitos estragos, incluindo doenças gastrointestinais, circulatórias, cardíacas, úlceras, tonturas, cansaço excessivo, hipersensibilidade emotiva, e outras. O diagnóstico e as medicações só podem ser indicados por médicos porque é muito difícil o diagnóstico devido à pouca especificidade dos sintomas. Podem, também, terem impacto no desenvolvimento psíquico das crianças, impactos psicológicos tais como inseguranças, baixa autoestima, dificuldades em estabelecer interações e relacionamentos pessoais e outros. Desde o começo do século XX os cientistas estão a trabalhar para conhecer as características do estresse, suas causas, seus mecanismos de ação, os impactos dos episódios de estrese, a prevenção, o controle e, finalmente, os tratamentos físicos e psicológicos. Mas, ainda há muito o que saber, principalmente, nas pessoas idosas. As últimas pesquisas sobre a longevidade humana têm demonstrado que não “controlar os níveis de estresse” aumenta em 20% os riscos de morte precoce. É tão impactante na expectativa de vida quanto o “não consumir álcool compulsivamente” e “ter uma dieta saudável e equilibrada”. A tendência, portanto, é o controle e a prevenção desse fator. O primeiro passo do controle e da prevenção é o autoconhecimento para identificar, em si próprio, os sintomas que caracterizam o estado de estresse. Agora, aos 82 anos, quando eu sinto um mal-estar geral e indefinido, estou tensa, sinto dores de estomago ou musculares, nervosa, preocupada com algo ou tenho episódios de desiquilíbrio ou tonturas, levanto a hipótese de estar estressada e começo a tomar as iniciativas para relaxar. Continua na próxima postagem...

quinta-feira, 16 de maio de 2024

O estresse não é amigo do idoso – Parte I

No período inicial da pandemia de COVID-19, numa manhã, eu estava tranquilamente sentada no escritório, quando comecei a sentir um zumbido no ouvido, senti-me enjoada, a cabeça rodando e o corpo desiquilibrado. Fiquei em pânico. Resolvi levantar-me e andar agarrada às paredes até ao quanto para deitar-me e não cair. Vomitei o que podia e o que não podia. Consegui dormir por cerca de uma hora e acordei melhor. Fui ao médico que diagnosticou estresse. Um mês depois, comecei a sentir um mal-estar intenso, mas mal definido e fui ao pronto socorro onde o médico aconselhou-me a desligar a televisão, tomar chá de camomila, tomar muitos líquidos e alimentação à base de frutas e verduras porque eu estava com estresse. Fiquei boa em pouco tempo. O que se chama estresse é um estado do organismo proveniente de uma grande descarga de adrenalina (hormônio das glândulas suprarrenais) que prepara o corpo e a mente para enfrentar um risco ameaçador à sobrevivência, fugindo, lutando ou defendendo-se. Sempre que o cérebro humano percebe um perigo as glândulas suprarrenais reagem rapidamente, produzindo e liberando no sangue esse hormônio. Esse hormônio tem a capacidade de colocar o organismo em “alta tensão” para preparar-se para a luta. É uma reação biológica que permite a adaptação do ser humano a situações novas, mas provoca alterações emocionais e físicas com grande desgaste. Depois, o corpo volta à normalidade. Quando a tensão dura muito tempo ou é maior do que a capacidade do organismo de aguentar, instala-se o estresse. Segundo a literatura, no começo do século XX, o médico austríaco, Hans Seyle, descobridor desse estado ou condição, utilizou o termo “stress” que significa na engenharia “o peso que uma ponte suporta até que se parta”. Esse preparo do corpo para o enfrentamento é caracterizado por um aumento da pressão arterial, taquicardia (batimentos rápidos do coração), deixa os músculos tensos, a boca seca, as mãos frias e úmidas, a pupila dilatada, o pensamento mais ágil e os reflexos mais rápidos. Essa situação exige muita energia e desgasta o organismo rapidamente. Cada pessoa percebe o estado de estresse de uma forma diferente: sente dor de cabeça, dor nos ombros, vermelhidão na pele, dificuldade para dormir, dificuldade para relaxar e descansar, ansiedade, nervosismo, inquietação, irritação, etc. Como o indivíduo com muita idade é mais vulnerável e mais frágil, o estrago pelo estresse é muito maior e sua resistência à pressão é muito menor. Qualquer problema menos grave, qualquer contrariedade ou dificuldade pode dar origem a uma crise de estresse. Continua na próxima postagem...

quinta-feira, 9 de maio de 2024

Equilíbrio postural, fundamental para a mobilidade humana – Prevenção de quedas

Continuação da postagem anterior Outro cuidado, independente do diagnóstico médico, é o preparo do ambiente para a prevenção de quedas. As pesquisas científicas têm demonstrado que a maioria das internações hospitalares de idosos são ocasionadas por quedas e suas consequências. O idoso que sofreu um episódio de desequilíbrio está ainda mais sujeito a acidentes durante sua movimentação. Portanto, é necessária a tomada de iniciativas adequadas para tornar o ambiente mais seguro para o seu usuário, tais como, providenciar: - Espaços mais amplos para passagem de andadores, bengalas e cadeiras de roda. - Iluminação apropriada de corredores e ambientes de uso frequente. - Retirada de objetos que possam ocasionar acidentes, tipo tapetes, vasos e objetos passiveis de cair, cadeiras mais instáveis, mesinhas e banquinhos que bloqueiam as passagens etc. - Pisos não escorregadios e apoios em banheiros, escadas e corredores. - Artefatos de apoio: bengalas, andadores, cadeiras de roda e outros. - Recursos domésticos com alturas diferenciadas, tipo pias mais baixas, sanitários mais altos, lavatórios mais baixos etc. Para complementar essas iniciativas relacionadas ao ambiente, é necessária uma organização do contexto que inclua vigilância do atendimento às necessidades básicas, orientações seguras por especialistas, tratamentos de problemas físicos e cuidados com a mobilidade, incluindo pés e calçados. Quando comecei a sentir alguns sintomas de falta de equilíbrio postural, no ano passado, além da ajuda e aconselhamento médico, contei com a orientação de fisioterapeutas e professores de educação física que muito contribuíram para a melhoria alcançada. Para estimular-me contei com a ajuda de alguns vídeos, criados por profissionais experientes, com exercícios especiais para melhorar o equilíbrio postural do idoso. O fortalecimento da musculatura é imprescindível. Hoje, 2 ou 3 vezes por semana, executo esses exercícios. Quase não me lembro dos meus episódios de desequilíbrio e já avisei o médico dos bons resultados das iniciativas tomadas. Falando em médico, para finalizar, queremos reforçar a importância da continuação do controle médico periódico. Esse controle médico pode prevenir muitos problemas. No âmbito da prevenção, eu comprometi-me com alguns cuidados pessoais para prevenir qualquer queda e acidente, com a ajuda dos meus filhos. Não subo em bancos, escadas e similares se não tiver alguém do meu lado; retirei tapetes e substitui solos escorregadios antes de ter algum acidente; coloquei corrimões e peças auxiliares nos banheiros antes de precisar usá-los; adaptei uma bengala ao meu tamanho antes de precisar dela; criei uma folha de informações de urgência para o caso de ser levada para algum hospital e coloquei essa folha na bolsa e em lugar visível em casa. Na última reforma da casa já a adaptei para a minha velhice.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Equilíbrio postural, fundamental para a mobilidade humana – Parte II

Continuação da postagem anterior... Em resumo, o controle postural depende do funcionamento sincronizado, quase instantâneo e em perfeito estado, de um complexo sistema composto por vários órgãos. Em caso da existência de problemas, os profissionais especializados precisam estudar e analisar a exata origem da dificuldade. É no cérebro? Nos músculos? Nos ouvidos (labirinto)? Na visão? Na pele? Nos ossos, articulações, tendões e outros? Atualmente, a medicina já pode contar com o auxílio de vários exames complementares para decidir sobre o diagnóstico e a conduta terapêutica a seguir. O envelhecimento vai degradando a habilidade das funções e tende a comprometer lentamente as várias partes do sistema do equilíbrio e da consciência corporal ocasionando quedas e acidentes extremamente graves. Essas quedas são as principais causas de internações hospitalares e, com frequência, produzem sequelas graves e até a morte em idosos. Portanto, é necessário aprender e estar alerta para os sintomas da falta do equilíbrio e as intervenções para prevenir o desiquilíbrio e suas consequências. Esses episódios podem impedir as atividades cotidianas, a marcha, a manutenção dos contatos sociais e outros. Além disso, ocasiona uma grande insegurança e torna-se um fator impeditivo da vida ativa e independente do indivíduo. Entre os sintomas mais frequentes, destaca-se a tontura, a sensação de desiquilíbrio, as oscilações involuntárias do corpo, a sensação do ambiente rodando e a dificuldade de manter o corpo estável. O primeiro cuidado é procurar um médico para conhecer os aspectos que ocasionaram o episódio de desequilíbrio ou controle da postura corporal: alterações do sistema vestibular (no ouvido), alterações neuromotoras, diminuição da força muscular, medicação, estresse, desidratação, depressão e outras. Esse médico pode rever medicações, encaminhar a especialistas, orientar sobre os cuidados a tomar etc. Quando acontece comigo, imediatamente aumento a hidratação, revejo se houve problemas de estresse, faço exercícios de relaxamento muscular, incluindo banhos mornos e descanso, passo creme nas plantas dos pés por serem muito bem servidos de terminações nervosas, aqueço os pés para aumentar a circulação local e fico alerta para observar as reações. Se não consigo sanar os problemas em algumas horas, vou ao médico. Os fisioterapeutas também são profissionais preparados para escolher os exercícios mais apropriados para sanar esses problemas. Paralelamente, é importante a implementação vigorosa dos cuidados gerais, como exercícios, alimentação saudável, lazer, sono e repouso adequados, medicação correta e contínua, ginástica cerebral, autovigilância cuidadosa e outros que sejam possíveis. Sempre que algo não está correndo bem com nossas células, é necessário que reforcemos esses cuidados gerais para complementar o tratamento médico. Não podemos esquecer que os melhores remédios estão dentro de nós; o importante é ativá-los. Continua na próxima postagem....