quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023
O prazer é bem vindo para o cérebro: a essência da vida de cada indivíduo
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Há uns anos atrás, encontrei um texto muito interessante sobre o “ikigai”, palavra japonesa que significa “força motriz para viver”. Parece, segundo os japoneses, que todos têm um “ikigai”, ou seja, um motivo específico para o fazer viver, aquilo que o estimula, o que ele gosta de fazer, a essência da vida de cada indivíduo. Algo que para cada um é tão importante que lhe serve de motivo para viver. “Ikigai” também pode ser traduzido como “o objeto de prazer para viver” ou “a arte que o levará aos seus propósitos de vida”.
Essa arte chamou a atenção do ocidente por ser valorizada, aplicada e divulgada por uma comunidade japonesa cuja média de anos de vida é muito acima da média do país. Assim, descobrir e viver em função do que gosta parece ser determinante para os indivíduos viverem longamente. Não é fácil descobrir, dentro de nós, os nossos propósitos pessoais que podem ser muito diferentes dos objetivos dos outros e podem demorar muito tempo e exigir muita reflexão e coragem para atuarmos em função deles. Mas precisamos abandonar a velha ideia de que o indivíduo que faz o que lhe é essencial é egoísta. Na verdade, ele é biologicamente impulsionado e essa atitude pode diminuir a culpa de algumas pessoas.
Os autores aconselham algumas estratégias para cada pessoa descobrir a sua própria força motriz, a essência da sua vida: A) Não atuar de forma automática. Todo o dia tentar encontrar seus próprios gostos e pendores. Afinal, o que realmente o faz feliz? B) Não se comparar a outros, não desejar nada por ter visto em outros. Você é único. C) Todos nós temos potenciais, vivências e habilidades que nos diferenciam dos outros. Temos que respeitar essas especificidades. D) Transformar esse “ikigai” no nosso estilo de vida. E) Encontrar seu “ikigai” entre as coisas que lhe dão energia todas as manhãs, atividades que queira aperfeiçoar e investir o seu tempo. F) Para viver segundo o seu “ikigai” é necessário abandonar e deixar de lado muitas coisas e exigirá de nós muita coragem. G) O estilo “ikigai” é o oposto do conformismo, da passividade, do convencional. Temos que abandonar muitas práticas adotadas pela maioria, decidir contrariando muitas opiniões, mas, adotá-lo faz você sentir-se livre, motivado, feliz. Passa a ser um estado mental.
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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
O prazer é bem vindo para o cérebro: neurônios e hormônios
Há pouco tempo percebi com clareza que nos dias em que eu fazia meus exercícios físicos ficava mais alegre e motivada para realizar atividades; por outro lado, sempre que se passava um ou dois dias sem academia, caminhada ou outra atividade física, o meu corpo ficava mais preguiçoso e desanimado. Conversando, lendo e estudando fui aprendendo sobre as relações entre o prazer e o cérebro.
As células cerebrais ou neurônios, ao receber maior aporte de sangue cheio de oxigênio e nutrientes, funcionam melhor. Consequentemente, liberam a produção de substâncias químicas (hormônios neurotransmissores) responsáveis por sensações de prazer e animação. A liberação desses hormônios na circulação produz algumas reações benéficas ao ser humano.
Os hormônios neurotransmissores são aquelas substâncias que conduzem os estímulos de um neurônio para outro. Entre os que são relacionados ao prazer, os mais conhecidos, são a endorfina, a serotonina, a dopamina e a ocitocina. Hoje, já se encontra muita literatura sobre essas substâncias e a população já tem acesso a informações variadas e com redação bastante didática. Essas substâncias, de forma geral, quando liberadas na circulação sanguínea, ocasionam vários efeitos ligados às sensações de bem estar: felicidade, satisfação, diminuição das sensações doloridas, saciedade, regulação das interações sociais e autoconfiança. Há alguns estudos que evidenciam efeitos benéficos especiais desses hormônios neurotransmissores que podem auxiliar o tratamento da depressão e da obesidade.
Por outro lado, esses efeitos prazerosos vão, por sua vez, estimular a produção dessas substâncias levando o ser humano a viver melhor, funcionar melhor e, portanto, ter uma vida mais saudável. Em síntese, ficar contente e alegre, ser agradado e fazer atividades que lhe dão prazer, faz bem à saúde psíquica e orgânica. O prazer estimula a produção de neurotransmissores e estes, por sua vez, atuam aumentando as sensações benéficas.
Portanto, o cérebro precisa do prazer para manter-se saudável. Os estudos e o conhecimento sobre estas relações só se desenvolveram com o aperfeiçoamento dos equipamentos de diagnóstico por imagem, como a neuro imagem e aparelhos para varreduras funcionais do cérebro que permitem as investigações psíquicas.
Assim, para retardar o processo de envelhecimento do indivíduo é indispensável que a saúde mental não seja esquecida e esta depende, em parte, do cérebro receber doses adequadas de prazer.
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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023
O cérebro precisa de ginástica: hábitos que estancam ou diminuem a degradação cerebral (ampliado)
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Acho muito importante contar aos meus leitores que, há cerca de 2 anos, a China divulgou os resultados de um estudo, bastante amplo, que tinha como foco os fatores que poderiam diminuir o risco do declínio da memória, da capacidade cognitiva e risco da demência do ser humano. Vários órgãos de notícias brasileiros publicaram sínteses dessa pesquisa.
Já se sabia que os comportamentos saudáveis ajudavam a saúde cerebral, mas não se sabia o nível de importância de cada comportamento para reverter ou estabilizar as patologias cerebrais. Essa investigação científica foi realizada na China, com mais de 29 mil pessoas com 60 anos ou mais. Os pesquisadores, no início do trabalho, usaram testes de memória, testes para alguns genes, entrevistaram os participantes sobre hábitos diários, dados sociodemográficos e comorbidades. Ao longo de 10 anos (de 2009 até 2019) acompanharam a evolução de cada participante por vários meios de comunicação.
Os resultados do estudo adicionaram evidências substanciais confirmando que um estilo de vida saudável poderia ajudar o cérebro a manter-se saudável por mais tempo.
A conclusão final foi - quanto mais saudável for o estilo de vida ou o número de comportamentos saudáveis, melhor - mas destacou seis fatores:
a) Alimentação diária balanceada e adequada em quantidade, variedade e tipos de alimentos.
b) Exercícios físicos moderados praticados regularmente, pelo menos 150 minutos semanais pode reduzir a demência em 35%. Percebeu-se que, até tarefas domésticas (Ex. cozinhar), podem fazer diferença na diminuição da velocidade da degradação do cérebro.
c) Convívio social com visitas, amigos e familiares.
d) Exercício cerebral como leitura, jogos e novas aprendizagens
e) Nunca ter utilizado álcool ou não o usar há muito tempo.
f) Nunca ter aderido ao hábito de fumar ou o ter deixado há muito tempo também diminui o risco de progressão da perda de memória e capacidade cognitiva.
Para terminar quero lembrar que, quando se fala de cérebro, abrange-se o corpo todo porque o ser humano é uma unidade absolutamente bem integrada. Se seu cérebro é auxiliado pelo estilo de vida saudável, todo o seu organismo está se beneficiando da adequação de seus comportamentos relacionados à sua saúde.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023
O cérebro precisa de ginástica: a leitura é a ”mãe” da educação (revisado e ampliado)
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No dia 05 de novembro de 2021, a jornalista Ana Pais divulgou uma notícia, inicialmente publicada na BBC News Mundo, sobre as descobertas da neurociência relativas ao impacto da leitura no cérebro humano. Ela faz uma síntese da entrevista e conversa com o médico espanhol e neurobiólogo Francisco Mora que também é autor do livro Neuroeducación y lectura. Esse especialista explica por que a leitura é a grande revolução da educação a qual deve ser fundamentada no funcionamento cerebral. O mesmo afirma que a leitura altera a química, a física, o funcionamento e a anatomia do cérebro humano, mas a amplidão desse impacto dependerá do texto conseguir despertar a nossa curiosidade e, sobretudo, as emoções.
A jornalista inclui em sua síntese alguns pontos importantes abordados pelo cientista ao conversar sobre esse tema. Um dos pontos relevantes é o fato da leitura ser uma habilidade artificial e recente na vida humana; ela só se iniciou há 6 mil anos. Foi necessário o homem usar a fala para modelar o cérebro e torná-lo capaz de aprender a ler. Portanto, para aprender a ler, certas partes do cérebro devem ter amadurecido antes. O autor, consequentemente, defende a aprendizagem formal da leitura aos 7 anos.
Outro ponto abordado por Mora refere-se à capacidade do cérebro ser modificado ou modelado devido à sua característica de plasticidade. Ler altera uma parte do cérebro que tem a função de detectar rostos e identificar formas, o que permite processar e construir palavras. Essas alterações expressam-se no comportamento, ou seja, as transformações ocorrem pelo vivido e pelo lido. “Ler não é um ato passivo de absorção do que está escrito em determinado documento ou livro, mas um processo ativo, ou até recreativo (ou criado novamente) em relação ao que está ali.”
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