quinta-feira, 28 de março de 2024
RECREIO - O Conceito da beleza outonal
(Colaboração da amiga Maria Alice Almeida Vianna Queiroz)
A Maria Alice nos contou esta história:
Em entrevista, a Primeira-Dama Francesa, expressou uma opinião muito importante para as mulheres mais idosas. Ela explicou que “A partir dos 50 ou 60 anos, a beleza é o resultado da simpatia, da elegância, da atitude e não mais do seu corpo ou dos traços físicos. A beleza torna-se um estado de espírito, temperamento, brilho nos olhos. A sensualidade vai surgir mais da sensibilidade do que da aparência. Uma mulher chata, deprimida ou desagradável pode ser bonita antes dos 50 anos. Uma mulher egoísta, oportunista, ou covarde pode ser bonita antes dos 50 anos. Depois, já não pode, acaba a aparência. Depois, o que ilumina a pele é ela ser amada ou não, se é educada, se é simpática. Depois de uma certa idade, a beleza vem do caráter, do jeito que os problemas são enfrentados, da alegria ao acordar, da atitude. Com uma certa idade, a amizade é o creme que estica as rugas e o afeto é o protetor solar que protege o rosto. A beleza passa a ser a comunicação e o bom humor. A beleza passa a ser a inteligência e a gentileza. Depois dos 50, 70 ou os que vierem depois, só a felicidade rejuvenesce.”
(Sem indicação da fonte)
quinta-feira, 21 de março de 2024
A vulnerabilidade como companheira da velhice
A palavra vulnerabilidade não é muito usada nas conversas informais. Trata-se de uma condição de fragilidade que o idoso enfrenta devido à natural degradação do seu organismo. Todas as pessoas com mais idade sentem-se mais suscetíveis de lesões e, não só físicas, como mentais. Parece que a nossa força, resistência e capacidade de enfrentamento ficaram mais frágeis.
Todos os dias acontece algo, de pouca importância, que me faz lembrar da minha vulnerabilidade. Bato com o braço em uma porta, imediatamente, um capilar venoso se lesa e deixa escapar um pouco de sangue. Manchas roxas são mais comuns que em outros tempos. Coloco um pouco de gelo, por 10 minutos, durante alguns dias e o problema desaparece. Algumas vezes, com baixas temperaturas, os pés demoram para aquecer, coloco umas meias e uma bolsa de água quente e o problema é solucionado. Um cão amigo pula para cumprimentar-me, arranha-me e tenho que lavar a lesão muito bem com água e sabão e colocar um pequeno curativo. Uns minutos com gelo, durante 3 dias, ajuda a cicatrização. Há alguns anos percebi que os meus sentidos não estão tão alertas e sensíveis; a sede e a fome já não dão grandes sinais e tenho que comer e beber quantidades decididas por hábito ou racionalidade porque a sensibilidade não dá as informações muito precisas. E as histórias se repetem e multiplicam-se ao longo dos dias.
Sob o ponto de vista físico também aparecem as fragilidades mais graves, as infecções são mais rápidas em surgir, o equilíbrio ao movimentar-me já me parece menos seguro e as feridas são mais demoradas para se curarem. Ponho a funcionar, com mais precisão os comportamentos saudáveis, as caminhadas e a atividade física planejada, musculação ou outra, mais frequente, a alimentação mais rica e diversificada em nutrientes, as noites mais longas e com mais cuidados nos horários, as interações sociais mais frequentes e assim por diante. A vitamina C e a D passam a ser priorizadas para ajudarem o sistema imunológico. Com isso espero que minhas células vivam em ambiente mais saudável e funcionem melhor. Mas eu estou mais frágil!
A vulnerabilidade destaca-se, também, no funcionamento mental. Fico mais desfocada e menos concentrada em todas as atividades, qualquer acontecimento inesperado faz meu coração bater mais rápido, esqueço com facilidade o que sempre lembrei e o estresse instala-se rapidamente mesmo diante de pequenas pressões. Um fato inesperado desagradável, um temor de pouca importância, uma solução que não encontro para superar uma dificuldade e outros desafios similares ocasionam um estresse que altera o meu dia e provoca desequilíbrios, mal-estar, diminuição do foco, esquecimentos estranhos, falta de concentração, pouco rendimento naquilo que faço e outros sinais e sintomas nunca dantes experimentados frente a fatos de tão pequena importância. Outro dia, na primeira consulta com um médico, esqueci o número do meu telefone; só no final da consulta, quando eu já estava mais à vontade, o lembrei. E o tempo para sair da crise de estresse é muito maior; atingir o estado de relaxamento é muito demorado. Agora, mais experiente, para conviver melhor com o estresse, tento percebê-lo com rapidez e iniciar as estratégias de proteção: mudar a atividade, aumentar o exercício, ler um livro que leva meus pensamentos para outros lugares e ambientes, comer e beber algumas substâncias muito gostosas, vou para um parque andar e ver pessoas, telefono para amigos e assim por diante.
Não há dúvida, pessoas idosas são diferentes de adultos de meia idade. Não sei se os médicos geriatras estão atentos e podem ajudar. Os adultos mais jovens não podem compreender todas as diferenças e as particularidades dos velhos. Consequentemente, se quisermos ser compreendidos e respeitados temos que ajudar os mais novos, explicar de forma precisa e clara as nossas diferenças e repetir, quantas vezes forem necessárias essas explicações.
segunda-feira, 18 de março de 2024
Uma companheira da velhice: a insegurança - Parte II
Continuação da postagem anterior
Até a andar sinto mais insegurança apesar dos músculos estarem bem treinados com exercícios diários. Outro dia, durante uma caminhada, ao dar uma volta, meu corpo se inclinou, involuntariamente e raspei a perna em um muro. Não segurei o corpo e não mantive o controle do andar. Fui para casa, lavei tudo com água e sabão e continuei o meu exercício. Que esquisito! Que andar inseguro!
Tarefas mais complexas como atender os compromissos bancários, fazer transações financeiras ou fazer as declarações de imposto de renda já são encaradas com maior cuidado e apelo para várias revisões a fim de impedir enganos, esquecimentos e outros erros. Enquanto não tenho certeza que não há falhas não dou por terminada a tarefa. Mesmo assim, peço para alguém capacitado revisar e aceito, com facilidade, a correção de algum erro. Se essas tarefas envolvem o uso de tecnologia moderna, instala-se um nível de insegurança maior.
A própria redação destes textos é realizada com os maiores cuidados, revisados detalhadamente várias vezes e peço a amigos capazes para corrigirem qualquer engano ou deficiência. A insegurança tornou-se uma companheira cada vez mais presente. Mas não me dou por vencida; luto para não me entregar, para não me afastar da vida e do mundo.
Encaro a insegurança; estudo se ela tem um motivo real, admissível, ou racional. Se não vejo uma causa concreta, encaro o desafio e vou. Se me deixo vencer por ela, estou prejudicando meu cérebro e estimulando a minha degradação. Qualquer desistência é um passo para trás. Até agora, consigo ir para a frente e enfrentar essa sensação de que “não sou capaz” de fazer o que sempre fiz. Mas, estou sempre a desejar que a coragem não me falte.
Eu sempre fui uma mulher muito segura e, até certo ponto, ainda sou ou tento ser. Acredito, que para os homens, os problemas de falta de segurança nos vários papéis que eles desempenham no mundo, também os incomoda, mesmo que em aspectos e intensidades diferentes. Acredito que os anos vão aumentando os problemas e tento achar soluções mais adequadas e aceitar as dificuldades intransponíveis. A atitude de enfrentamento, a ajuda dos outros e a contratação de profissionais especializados São, por enquanto, as soluções mais adequadas.
quinta-feira, 7 de março de 2024
Uma companheira da velhice: a insegurança - Parte I
Não há dúvida que, quanto mais idade temos, maiores são os problemas de insegurança, sobre vários aspectos. Várias mulheres amigas se queixaram dessa sensação. Já não somos as mesmas mulheres de antigamente, capazes de enfrentar qualquer ameaça. Não é uma característica que aparece simultaneamente em todas as áreas da nossa vida, mas começa a aparecer com mais frequência e em mais setores conforme a idade aumenta.
Agora, a insegurança na profissão aparece quando recebo um convite para uma palestra e penso em não aceitá-lo por não ter certeza se estarei me sentido bem no dia marcado ou se esquecerei de algumas palavras e partes da mensagem ou se a minha imagem não estará muito agradável. Apesar de não recusar o convite por esses motivos, instala-se um sentimento de medo e insegurança. O meu corpo já não responde com tanta firmeza aos meus desejos. Tenho que apelar para a coragem de aceitar o convite e não ceder à insegurança.
Para pegar o automóvel penso duas vezes se sei o caminho, se terei que enfrentar a escuridão da noite ou se o trajeto é muito longo e precisará de muito tempo no volante. Nesses casos, prefiro pegar um táxi ou pedir uma carona. O que foi que mudou? Eu já enfrentei tantas estradas longas e difíceis, tantas ocorrências desagradáveis na condução do veículo! É a inseparável insegurança.
Quando encontro um homem interessante, antecipadamente, desisto de alimentar qualquer expectativa de relacionamento ou amizade porque sinto que não tenho os predicados suficientes para o interessar. É uma sensação nova. Até há poucos anos, esquecia-me facilmente da minha idade e investia com segurança quando me interessava. Mantive, apenas, o prazer de passar alguns poucos momentos agradáveis. O espelho já não é mais tão amigo e tão gentil. Até a maquiagem me faz parecer uma pessoa pouco natural ou ridícula, ao olhar-me no espelho.
Ao encarar uma viagem mais longa, encontro-me a duvidar se conseguirei cuidar da bagagem, atravessar os corredores dos aeroportos ou terminais rodoviários sem problemas de fadiga, chegar ao meio de transporte sem esquecer algum detalhe imprescindível ou perder um horário importante. Porém, não deixo de viajar como sempre fiz porque não admito a minha fragilidade sem provas racionais. A insegurança não me pode afastar das boas oportunidades. Mas fico mais segura quando tenho companhia.
Continua na próxima postagem...
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