quinta-feira, 7 de março de 2024

Uma companheira da velhice: a insegurança - Parte I

Não há dúvida que, quanto mais idade temos, maiores são os problemas de insegurança, sobre vários aspectos. Várias mulheres amigas se queixaram dessa sensação. Já não somos as mesmas mulheres de antigamente, capazes de enfrentar qualquer ameaça. Não é uma característica que aparece simultaneamente em todas as áreas da nossa vida, mas começa a aparecer com mais frequência e em mais setores conforme a idade aumenta. Agora, a insegurança na profissão aparece quando recebo um convite para uma palestra e penso em não aceitá-lo por não ter certeza se estarei me sentido bem no dia marcado ou se esquecerei de algumas palavras e partes da mensagem ou se a minha imagem não estará muito agradável. Apesar de não recusar o convite por esses motivos, instala-se um sentimento de medo e insegurança. O meu corpo já não responde com tanta firmeza aos meus desejos. Tenho que apelar para a coragem de aceitar o convite e não ceder à insegurança. Para pegar o automóvel penso duas vezes se sei o caminho, se terei que enfrentar a escuridão da noite ou se o trajeto é muito longo e precisará de muito tempo no volante. Nesses casos, prefiro pegar um táxi ou pedir uma carona. O que foi que mudou? Eu já enfrentei tantas estradas longas e difíceis, tantas ocorrências desagradáveis na condução do veículo! É a inseparável insegurança. Quando encontro um homem interessante, antecipadamente, desisto de alimentar qualquer expectativa de relacionamento ou amizade porque sinto que não tenho os predicados suficientes para o interessar. É uma sensação nova. Até há poucos anos, esquecia-me facilmente da minha idade e investia com segurança quando me interessava. Mantive, apenas, o prazer de passar alguns poucos momentos agradáveis. O espelho já não é mais tão amigo e tão gentil. Até a maquiagem me faz parecer uma pessoa pouco natural ou ridícula, ao olhar-me no espelho. Ao encarar uma viagem mais longa, encontro-me a duvidar se conseguirei cuidar da bagagem, atravessar os corredores dos aeroportos ou terminais rodoviários sem problemas de fadiga, chegar ao meio de transporte sem esquecer algum detalhe imprescindível ou perder um horário importante. Porém, não deixo de viajar como sempre fiz porque não admito a minha fragilidade sem provas racionais. A insegurança não me pode afastar das boas oportunidades. Mas fico mais segura quando tenho companhia. Continua na próxima postagem...