quinta-feira, 5 de maio de 2022

Será que sei lidar com a solidão (ampliado)? Como ela acontece?

Se falamos de envelhecimento não podemos esquecer de falar de solidão. Com frequência são companheiras uma da outra. Muitas pesquisas têm mostrado que a solidão é muito comum na fase da “muito idade”. Os filhos criados e independentes, a distância cultural das novas gerações, a falta de ocupação decorrente da aposentadoria, a perda ou a incapacitação dos velhos amigos de sempre, a família sem a estrutura estável, as mudanças impostas pelas necessidades de auxílio e os problemas de saúde cada vez mais incapacitantes são as principais causas da solidão muitas vezes traduzida por abandono e sensação de rejeição. “Eu fui esquecido”. Ainda me lembro da minha casa quando eu tinha 38 anos. Era grande: três quartos, três banheiros, duas salas, um escritório amplo, alojamento para empregada, área de serviço espaçosa, quintal ensolarado para horta e jardim e garagem. Morávamos meu marido e eu, duas crianças – uma com 11 e outra com oito anos, e duas empregadas. Eu trabalhava meio período e gerenciava o contexto doméstico. Só conseguia estudar para o mestrado de madrugada, quando todos dormiam. Se me falassem de solidão na época eu pensava como seria bom ter algumas horas livres para pensar, refletir, assimilar minhas alegrias, conquistas e frustrações. O tempo livre era sempre escasso e eu sonhava com ele. A família cresceu, divorciei-me, as empregadas foram reduzidas, mudei-me para um apartamento em outro bairro, um dos filhos foi estudar fora da cidade, fui emprestada para outra universidade estadual por três anos e fui estudar na França com a minha filha durante dois anos. O meu mundo mudou e eu, enfim, tinha mais tempo para ficar sozinha. Gostei muito porque a liberdade para ir e vir aumentou, podia usar o meu tempo como eu quisesse, menos pessoas solicitavam minha atenção e poderia dedicar-me ao meu trabalho e às atividades de que gostava. Mas nem todos são iguais; algumas pessoas chegam a ligar televisão ou som para sentirem que estão acompanhadas e fugirem da solidão. Continua na próxima postagem...