quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O sistema imunológico é o exército do nosso corpo - Parte I

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Pintura em óleo sobre tela, de VarDAN, Séc. XX


Quem nunca viu um furúnculo, abcesso ou uma “espinha” (borbulha, uma erupção com cabeça branca) na pele de um adolescente? Quem nunca observou uma mancha branca nas amígdalas inflamadas? Quem nunca viu escorrer pus de uma ferida inflamada?  Esse líquido branco-amarelado, o pus, é o produto de uma “luta” entre um elemento estranho e perigoso e um elemento biológico de defesa do nosso corpo, células e moléculas específicas.
     Quando um agressor ameaça o nosso corpo, a primeira defesa que encontra é a integridade da pele que funciona como barreira mecânica, uma “muralha” resistente. Um bom exemplo é o coronavirus; ele só consegue entrar no organismo humano pela boca, nariz ou olhos; ele não penetra pela pele sadia das mãos ou dos braços.
No entanto, só isso não chega e, por esse motivo o ser humano possui elementos biológicos que funcionam como um “exército” bem armado e bem organizado para o defender e proteger: é o sistema imunológico ou imunitário.
Portanto, o organismo humano é provido pela natureza de um sistema defensor de agressores estranhos, perigosos e indesejáveis, extremamente complexo devido às variadas e múltiplas especificidades de seus elementos; cada tipo de agressor necessita da defesa de um elemento especializado para o combater. Outro aspecto que torna o sistema complexo é que sua atuação é muito ampla, está em todas as partes do corpo e sempre alerta. De forma figurativa, esse “exército” tem muitos “batalhões”, cada batalhão tem armas diferentes, é especializado em um tipo de inimigo e tem que proteger um grande “território”. 
Esse complicado sistema é composto por: a) algumas estruturas orgânicas, como baço, timo, medula de vários ossos, amigdalas, apêndice, entre outras, que fabricam células para o sistema imunológico; b) células livres que produzem substâncias protetoras, e c) moléculas altamente especializadas, chamadas anticorpos ou imunoglobulinas responsáveis pela defesa de agressores patológicos muito específicos. São os antígenos, ou seja, agressores que provocam a formação de anticorpos específicos, “armas” especiais para inativar um tipo só de “inimigo”.
A maior parte dos elementos protetores chegam a todos os tecidos humanos por meio da circulação sanguínea e, é nos vasos que vamos encontrar uma grande parte dessas células. Quando um tecido precisa de defesa, elas são recrutadas e saem dos vasos sanguíneos em direção ao tecido agredido.
     Essa proteção e defesa do sistema imunológico (ou a resposta imunológica) é chamada “imunidade”. Temos imunidade alta quando o nosso sistema imunológico trabalha muito bem, provê reações com bons resultados defensivos, ou imunidade baixa quando a capacidade de resistência do corpo humano está prejudicada.
Temos também dois tipos de imunidade: a imunidade inata que oferece a defesa rápida e inespecífica, a mais básica. Essa é o “batalhão de atuação rápida”, a “linha de frente”, a atuação biológica primeira e que usa armas que servem aos agressores de maneira geral, não é específica.  Por último, quando as barreiras anteriores não conseguiram afastar, matar ou inativar os agressores, aparecem os elementos defensores específicos, a imunidade adquirida ou adaptativa, os anticorpos ou imunoglobulinas.  Estas moléculas oferecem uma resposta altamente potente, especializada para cada agressor, que apresenta a característica de reconhecimento e memória do antígeno; é o “batalhão” altamente especializado trabalhando com “armas” especiais para cada inimigo. Estes anticorpos são criados quando se dá o primeiro contato que serve para reconhecer o inimigo e memorizar suas características.
Portanto, a imunidade adquirida é aquela que se desenvolve ao longo da vida com as inúmeras exposições frente a vários antígenos diferentes. Frequentemente, um só contato do nosso organismo com uma bactéria, vírus, fungo, substância química perigosa ou molécula estranha, induz a formação de anticorpos para a nossa vida toda.
Os bebês, até aos 6 meses estão protegidos pelos anticorpos maternos que passam pelo leite da mãe. Depois, começam a desenvolver suas próprias defesas e fabricam anticorpos conforme os antígenos com os quais têm contato. Por isso, começam a receber as vacinas, antígenos sem poder de destruição (inativos ou atenuados), mas com poder de estimular a fabricação de anticorpos. A vacina é uma imunidade natural, mas estimulada artificialmente, que nos protege de muitas e perigosas doenças. Cada vez que aparece um agressor novo, a medicina trabalha para desenvolver a vacina, ou seja, a proteção (ou imunidade) para aquele novo agressor, estimulada artificialmente. Por vezes, um só contacto permite o desenvolvimento de imunidade que dura a vida inteira, como por exemplo a vacina da febre amarela que se toma somente uma vez na vida; outras vezes, precisa ser tomada periodicamente, como a da gripe.
...Continua na próxima postagem.