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Quem
nunca viu um furúnculo, abcesso ou uma “espinha” (borbulha, uma erupção com
cabeça branca) na pele de um adolescente? Quem nunca observou uma mancha branca
nas amígdalas inflamadas? Quem nunca viu escorrer pus de uma ferida
inflamada? Esse líquido
branco-amarelado, o pus, é o produto de uma “luta” entre um elemento estranho e
perigoso e um elemento biológico de defesa do nosso corpo, células e moléculas
específicas.
Quando um agressor ameaça o nosso corpo, a
primeira defesa que encontra é a integridade da pele que funciona como barreira
mecânica, uma “muralha” resistente. Um bom exemplo é o coronavirus; ele só
consegue entrar no organismo humano pela boca, nariz ou olhos; ele não penetra pela
pele sadia das mãos ou dos braços.
No
entanto, só isso não chega e, por esse motivo o ser humano possui elementos
biológicos que funcionam como um “exército” bem armado e bem organizado para o
defender e proteger: é o sistema imunológico ou imunitário.
Portanto,
o organismo humano é provido pela natureza de um sistema defensor de agressores
estranhos, perigosos e indesejáveis, extremamente complexo devido às variadas e
múltiplas especificidades de seus elementos; cada tipo de agressor necessita da
defesa de um elemento especializado para o combater. Outro aspecto que torna o
sistema complexo é que sua atuação é muito ampla, está em todas as partes do
corpo e sempre alerta. De forma figurativa, esse “exército” tem muitos
“batalhões”, cada batalhão tem armas diferentes, é especializado em um tipo de
inimigo e tem que proteger um grande “território”.
Esse
complicado sistema é composto por: a) algumas estruturas orgânicas, como baço,
timo, medula de vários ossos, amigdalas, apêndice, entre outras, que fabricam
células para o sistema imunológico; b) células livres que produzem substâncias
protetoras, e c) moléculas altamente especializadas, chamadas anticorpos ou
imunoglobulinas responsáveis pela defesa de agressores patológicos muito
específicos. São os antígenos, ou seja, agressores que provocam a formação de
anticorpos específicos, “armas” especiais para inativar um tipo só de
“inimigo”.
A
maior parte dos elementos protetores chegam a todos os tecidos humanos por meio
da circulação sanguínea e, é nos vasos que vamos encontrar uma grande parte
dessas células. Quando um tecido precisa de defesa, elas são recrutadas e saem
dos vasos sanguíneos em direção ao tecido agredido.
Essa proteção e defesa do sistema
imunológico (ou a resposta imunológica) é chamada “imunidade”. Temos imunidade
alta quando o nosso sistema imunológico trabalha muito bem, provê reações com
bons resultados defensivos, ou imunidade baixa quando a capacidade de
resistência do corpo humano está prejudicada.
Temos
também dois tipos de imunidade: a imunidade inata que oferece a defesa rápida e
inespecífica, a mais básica. Essa é o “batalhão de atuação rápida”, a “linha de
frente”, a atuação biológica primeira e que usa armas que servem aos agressores
de maneira geral, não é específica. Por
último, quando as barreiras anteriores não conseguiram afastar, matar ou
inativar os agressores, aparecem os elementos defensores específicos, a
imunidade adquirida ou adaptativa, os anticorpos ou imunoglobulinas. Estas moléculas oferecem uma resposta altamente
potente, especializada para cada agressor, que apresenta a característica de
reconhecimento e memória do antígeno; é o “batalhão” altamente especializado
trabalhando com “armas” especiais para cada inimigo. Estes anticorpos são
criados quando se dá o primeiro contato que serve para reconhecer o inimigo e
memorizar suas características.
Portanto,
a imunidade adquirida é aquela que se desenvolve ao longo da vida com as
inúmeras exposições frente a vários antígenos diferentes. Frequentemente, um só
contato do nosso organismo com uma bactéria, vírus, fungo, substância química
perigosa ou molécula estranha, induz a formação de anticorpos para a nossa vida
toda.
Os
bebês, até aos 6 meses estão protegidos pelos anticorpos maternos que passam
pelo leite da mãe. Depois, começam a desenvolver suas próprias defesas e
fabricam anticorpos conforme os antígenos com os quais têm contato. Por isso,
começam a receber as vacinas, antígenos sem poder de destruição (inativos ou
atenuados), mas com poder de estimular a fabricação de anticorpos. A vacina é
uma imunidade natural, mas estimulada artificialmente, que nos protege de
muitas e perigosas doenças. Cada vez que aparece um agressor novo, a medicina
trabalha para desenvolver a vacina, ou seja, a proteção (ou imunidade) para
aquele novo agressor, estimulada artificialmente. Por vezes, um só contacto
permite o desenvolvimento de imunidade que dura a vida inteira, como por
exemplo a vacina da febre amarela que se toma somente uma vez na vida; outras
vezes, precisa ser tomada periodicamente, como a da gripe.
...Continua
na próxima postagem.