quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O sistema imunológico é o exército do nosso corpo – Parte III

 

Samovar indiano, de metal amarelo, do início do Séc XX
Samovar indiano, de metal amarelo, do início do Séc.XX 

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A saúde imunitária desenvolve-se a partir dos cuidados adequados que promovem a saúde de todas as células do organismo, incluindo as do sistema imunológico. Portanto, a integridade e bom funcionamento do sistema dependem da saúde de todos os sistemas do corpo porque todos as partes interagem entre si. Exercícios, boa alimentação, sono regular e suficiente, hidratação adequada, higiene e limpeza ambientais, repouso e hábitos saudáveis em relação ao fumo drogas e bebidas alcoólicas, são essenciais para a manutenção e promoção da saúde imunitária.

No entanto, existem algumas especificidades que dizem respeito diretamente ao sistema protetor do ser humano. Podemos ajudar a manter e fortalecer esse importante sistema com alguns cuidados individuais.

  1. Equilíbrio emocional

A ansiedade, o estresse e o medo produzem substâncias que diminuem a eficiência do sistema imunológico. Portanto, precisamos saber aquilo que nos deixa ansiosos, reconhecer os sinais que nos informam quando estamos estressados ou tensos e conhecer os recursos para aliviar essa ansiedade. Se a ansiedade é muito constante e dura muito tempo o mais importante é procurar um profissional, médico ou psicólogo, que nos ajude a resolver essa dificuldade. No caso de estresse ocasional, criado por algumas situações do cotidiano, podem-se usar recursos caseiros e simples, mas reconhecidos como eficazes. Algumas bebidas, tidas popularmente, como calmantes, chás quentes de erva cidreira, melissa ou camomila e banhos quentes para relaxar a musculatura podem auxiliar e diminuir a tensão. Outro recurso fisiológico é a respiração aprofundada, controlada e repetida várias vezes que rapidamente melhora a oxigenação celular do corpo todo. Atualmente, os cursos de meditação, estilo “mindfullness”, estão sendo procurados para ajudar a manter o foco, aumentar a concentração e a promover a tranquilidade nos seus usuários. Por fim, ajuda muito perceber e afastar-se, se possível, dos eventos que provocam o estresse, o medo ou a tensão. Discussões, relacionamentos difíceis, brigas e outros da mesma natureza não são emocionalmente saudáveis.

  1. Alimentação estimulante da imunidade

Existem alguns alimentos que auxiliam com mais vigor o sistema imunológico. Esses alimentos, usados com bom senso, não produzem efeitos colaterais prejudiciais. Os mais importantes, são:

- Frutas e verduras. Todos os dias nossas refeições precisam prover o nosso corpo de muitos e variados sais minerais (selênio, ferro, zinco e muitos outros) e vitaminas (A, Complexo B, C, D, e E). É aconselhável o uso de alimentos variados numa mesma refeição porque, sabe-se, que alguns nutrientes auxiliam a assimilação de outros. A variedade de alimentos ao longo do dia e do mês também pode ajudar, diminuindo a monotonia alimentar e favorecendo a ingestão de um número maior e mais variado de nutrientes.

- Limão. Diariamente, meio limão espremido com água produz uma limonada miraculosa em termos de resistência imunológica. Com frequência pode-se utilizar raspas da casca de limão, tanto em pratos doces como salgados. Sugere-se o consumo de frutas cítricas com frequência.

- Aveia e linhaça. Elas são fonte de proteínas de alta qualidade, substâncias imuno estimulantes e anti-inflamatórias e fibras estimulantes do trabalho intestinal. Podem-se usar para mingaus, bolos, tortas, misturadas a sucos, iogurtes e outras formas de alimentos. Atenção: antes de usar a farinha de linhaça é necessário aquecê-la por um minuto a 100 oC .

- Brócolis e vegetais verde-escuros. São especialmente importantes para estimular a defesa imunitária devido às substâncias ativas biologicamente (bioativas) com poder anti-inflamatório, antioxidante, antibacteriano e antiviral, além de inúmeras vitaminas e sais minerais. Eles são fonte, também, de ácido fólico necessário para a formação de glóbulos brancos.

- Gengibre. A imunidade agradece a sua ingestão devido aos compostos com atividade anti-inflamatória, antioxidante, analgésica e neuro protetora. Usa-se em chás e como tempero de pratos asiáticos e de saladas.

- Uva preta ou vermelha. É um alimento que tem uma substância comum, o resveratrol, protetor natural das nossas células. Esse composto, pode ser encontrado na própria fruta e em sucos, vinhos, uvas passa e farinha de uva.

- Mel. Além de ser uma fonte rica de vitaminas do complexo B e conter muitos sais minerais essenciais à saúde (potássio, sódio, cálcio, fósforo), o mel possui vários compostos bioativos anti-inflamatórios, antibacterianos e antivirais. Ele pode ser ingerido de várias formas; acompanhando o pão, como adoçante de outros alimentos (iogurte, mingaus, saladas de fruta, doces) ou como tempero de saladas salgadas.

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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O Sistema Imunológico é o exército do nosso corpo. Parte II

 

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     A imunidade é, portanto, a resistência do nosso corpo às agressões sofridas por ele e é produzida pelo sistema imunológico.

O envelhecimento vai alterar gradativamente o funcionamento do sistema imunológico de várias formas. Há uma remodelação da estrutura e do funcionamento desse sistema, mas a tendência é um enfraquecimento geral na potência da defesa e um aumento no tempo da resposta, ou seja, há menos força para a “luta” e as reações são mais demoradas. Essas alterações no organismo idoso tornam-no mais vulnerável, tanto sob o ponto de vista físico como emocional. O estresse e a ansiedade instalam-se com mais facilidade e os idosos fragilizam-se. A ciência já demonstrou claramente que os problemas de ordem emocional afetam negativamente todo o sistema imunológico.

 A pele, que era uma poderosa “muralha” protetora, com a idade torna-se mais fina e menos resistente. As infecções são mais frequentes, a cicatrização de lesões mais demorada e há maior probabilidade de se instalarem tumores.

A imunidade inata, aquela que funciona como linha de frente na defesa de um agressor, decresce em potência, enfraquece, o que acarreta maior vulnerabilidade às infecções. As células defensoras (macrófagos, neutrófilos e outros) mas atuam com menor eficácia.

A imunidade adquirida, produzida pelos anticorpos e que é criada ao longo da vida devido aos contatos com antígenos variados, também fica menos ativa.  Por esse motivo, as vacinas obtêm respostas mais fracas e por menos tempo.

Todas essas alterações degenerativas exigem cuidados e iniciativas que diminuam a velocidade da degeneração. É essencial a nossa determinação e empenho para a manutenção da saúde e integridade do nosso sistema imunitário. O sistema imunológico com um bom funcionamento torna-se um pilar para a vida saudável dos indivíduos de muita idade. Por outro lado, quando há carências ou deficiências o risco de problemas é muito alto.

O comprometimento do sistema imunológico emite sinais claros, alertas indicativos de que nosso “exército” está deficiente, precisando de ajuda. Com a imunidade deficitária é frequente aparecerem infecções recorrentes (amigdalites, herpes e outras), febres, alergias, demora na cicatrização e na cura de doenças leves (gripe), agravamento de lesões e problemas simples, diarreias, cansaço e sono constantes e excessivos, ansiedade, estresse e instabilidade emocional, queda de cabelo, unhas fracas e quebradiças ou resfriados constantes.  

Mesmo sem o aparecimento dessa sintomatologia, os alertas do corpo, a degeneração do envelhecimento recomenda uma atenção mais precisa e mais constante no ambiente ao redor do indivíduo de “muita idade”.

Pequenas sujeiras, umidade, pós, flores, mofo, ambientes com pouca circulação de ar, poluição urbana e outros sem grande risco para os mais jovens, podem ocasionar problemas desagradáveis. É necessária uma limpeza mais frequente e minuciosa dos cômodos, armários e pisos na habitação do idoso. A cozinha é um ambiente que, facilmente, acumula riscos de infecções, devido à umidade, à permanência de alimentos facilmente perecíveis, à proximidade com o lixo e à precariedade de pessoal auxiliar, nem sempre bem treinado nesses aspectos. Os banheiros usados por vários moradores podem guardar perigosas fontes de doenças para seus usuários se não foram submetidos a uma rigorosa e constante higiene.

As residências de longa permanência dos idosos precisam situarem-se em locais com ar livre de poluição e de fácil acesso para as visitas. Seus cômodos devem ser bem arejados, livres de detalhes de difícil limpeza, com móveis bem estáveis e sem pontas,  com acabamentos que facilitem o cuidado e a preservação funcional e ter uma rigorosa supervisão e protocolos específicos para a manutenção da higiene de forma impecável.

Continua da próxima postagem....

 

 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O sistema imunológico é o exército do nosso corpo - Parte I

Atenção, Atenção! Tenho uma excelente sugestão: o canal do Youtube "O QUE ROLA NA GERONTO", criado por 4 profissionais da saúde brasileiros com uma sólida formação e vasta experiência em Gerontologia. Há quase um ano, esse grupo e seus convidados apresentam, semanalmente, conteúdos muito interessantes com o objetivo de ajudar os idosos a vivrem melhor. Não deixem de visitá-los.

Pintura em óleo sobre tela, de VarDAN, Séc. XX


Quem nunca viu um furúnculo, abcesso ou uma “espinha” (borbulha, uma erupção com cabeça branca) na pele de um adolescente? Quem nunca observou uma mancha branca nas amígdalas inflamadas? Quem nunca viu escorrer pus de uma ferida inflamada?  Esse líquido branco-amarelado, o pus, é o produto de uma “luta” entre um elemento estranho e perigoso e um elemento biológico de defesa do nosso corpo, células e moléculas específicas.
     Quando um agressor ameaça o nosso corpo, a primeira defesa que encontra é a integridade da pele que funciona como barreira mecânica, uma “muralha” resistente. Um bom exemplo é o coronavirus; ele só consegue entrar no organismo humano pela boca, nariz ou olhos; ele não penetra pela pele sadia das mãos ou dos braços.
No entanto, só isso não chega e, por esse motivo o ser humano possui elementos biológicos que funcionam como um “exército” bem armado e bem organizado para o defender e proteger: é o sistema imunológico ou imunitário.
Portanto, o organismo humano é provido pela natureza de um sistema defensor de agressores estranhos, perigosos e indesejáveis, extremamente complexo devido às variadas e múltiplas especificidades de seus elementos; cada tipo de agressor necessita da defesa de um elemento especializado para o combater. Outro aspecto que torna o sistema complexo é que sua atuação é muito ampla, está em todas as partes do corpo e sempre alerta. De forma figurativa, esse “exército” tem muitos “batalhões”, cada batalhão tem armas diferentes, é especializado em um tipo de inimigo e tem que proteger um grande “território”. 
Esse complicado sistema é composto por: a) algumas estruturas orgânicas, como baço, timo, medula de vários ossos, amigdalas, apêndice, entre outras, que fabricam células para o sistema imunológico; b) células livres que produzem substâncias protetoras, e c) moléculas altamente especializadas, chamadas anticorpos ou imunoglobulinas responsáveis pela defesa de agressores patológicos muito específicos. São os antígenos, ou seja, agressores que provocam a formação de anticorpos específicos, “armas” especiais para inativar um tipo só de “inimigo”.
A maior parte dos elementos protetores chegam a todos os tecidos humanos por meio da circulação sanguínea e, é nos vasos que vamos encontrar uma grande parte dessas células. Quando um tecido precisa de defesa, elas são recrutadas e saem dos vasos sanguíneos em direção ao tecido agredido.
     Essa proteção e defesa do sistema imunológico (ou a resposta imunológica) é chamada “imunidade”. Temos imunidade alta quando o nosso sistema imunológico trabalha muito bem, provê reações com bons resultados defensivos, ou imunidade baixa quando a capacidade de resistência do corpo humano está prejudicada.
Temos também dois tipos de imunidade: a imunidade inata que oferece a defesa rápida e inespecífica, a mais básica. Essa é o “batalhão de atuação rápida”, a “linha de frente”, a atuação biológica primeira e que usa armas que servem aos agressores de maneira geral, não é específica.  Por último, quando as barreiras anteriores não conseguiram afastar, matar ou inativar os agressores, aparecem os elementos defensores específicos, a imunidade adquirida ou adaptativa, os anticorpos ou imunoglobulinas.  Estas moléculas oferecem uma resposta altamente potente, especializada para cada agressor, que apresenta a característica de reconhecimento e memória do antígeno; é o “batalhão” altamente especializado trabalhando com “armas” especiais para cada inimigo. Estes anticorpos são criados quando se dá o primeiro contato que serve para reconhecer o inimigo e memorizar suas características.
Portanto, a imunidade adquirida é aquela que se desenvolve ao longo da vida com as inúmeras exposições frente a vários antígenos diferentes. Frequentemente, um só contato do nosso organismo com uma bactéria, vírus, fungo, substância química perigosa ou molécula estranha, induz a formação de anticorpos para a nossa vida toda.
Os bebês, até aos 6 meses estão protegidos pelos anticorpos maternos que passam pelo leite da mãe. Depois, começam a desenvolver suas próprias defesas e fabricam anticorpos conforme os antígenos com os quais têm contato. Por isso, começam a receber as vacinas, antígenos sem poder de destruição (inativos ou atenuados), mas com poder de estimular a fabricação de anticorpos. A vacina é uma imunidade natural, mas estimulada artificialmente, que nos protege de muitas e perigosas doenças. Cada vez que aparece um agressor novo, a medicina trabalha para desenvolver a vacina, ou seja, a proteção (ou imunidade) para aquele novo agressor, estimulada artificialmente. Por vezes, um só contacto permite o desenvolvimento de imunidade que dura a vida inteira, como por exemplo a vacina da febre amarela que se toma somente uma vez na vida; outras vezes, precisa ser tomada periodicamente, como a da gripe.
...Continua na próxima postagem.