ROMA é minha assistente pessoal; é uma metamorfose da minha personalidade. Pode-se dizer que é um "avatar". Seu perfil e suas tarefas podem ser encontradas em "Quem somos". |
Li, no dia 28/03/2020, no jornal O Estado de São Paulo que, “segundo estudo recente do Pew Research
Center em mais de 100 países, 16% das pessoas acima de 60 anos de idade, vivem
sós”. Isso significa que, no Brasil, cerca de 4
milhões de idosos vivem sozinhos. Então, pergunta-se: Onde estão? Como
vivem? Como os encontrar? Como se ocupam? Quais dificuldades encontram? Como
cuidam de sua saúde? Que nível de escolaridade possuem? Que incapacidades os
atingem? Quem os ajuda? Como se organizam? Como adquirem aquilo de que
precisam? Quais suas fontes de atualização? Como se movem pelas cidades, pelos
campos, pelas ruas? Como assimilam as muitas inovações tecnológicas que estão
rapidamente mudando o mundo? Como conseguem manejar as novas máquinas que
vieram substituir os homens? Como colocam em prática todas as alterações
necessárias para continuar a interagir com os demais, compreender as novas
necessidades e se expressarem para serem compreendidos? Onde estão os recursos
de assistência social ou instituições governamentais que os conhecem e ajudam?
Preocupam-me,
preocupam-me muito. Conheço bem as dificuldades do residente de muita idade
solitário. Afinal sou um deles! Preocupam-me especialmente os homens que
durante anos foram os protagonistas de suas famílias, foram ensinados a serem
fortes, não assumir as suas vulnerabilidades, não pedir ajuda e não demonstrar
qualquer fraqueza. As Unidades Básicas de Saúde convivem muito com esses
problemas. Como vão agir, sozinhos, sem auxílio e incompreendidos? Será que
todos eles têm telefone?
Há
70 anos não lhes era permitido realizar tarefas domésticas, era coisa de
mulher. E, agora, como vão resolver os problemas da limpeza da casa, preparo de
refeições, lavagem da sua roupa, planejamento das compras, organização de
rotinas, arrumações variadas e outras tarefas da mesma natureza?
Muitos
dos idosos solitários não tiveram acesso à escola. Escutaram, naquele tempo, de
seus próximos e acreditaram que estudar era perda de tempo porque o importante
era trabalhar. Há 70 anos o analfabetismo era muito alto. No mundo de hoje, a
tecnologia abrange todas as atividades, alterou a maneira de se fazer as coisas
e tornou-se indispensável para a interação humana. Como os idosos solitários
vão criar intimidade com tantas novidades? Quem sabe fazê-lo e os pode ensinar?
Outro aspecto do idoso solitário a
considerar é a decadência de suas forças e suas funções físicas e mentais, bem
como as suas capacidades de interagir, conviver e compreender os mais novos. Às
vezes não conseguem carregar suas próprias compras, abrir suas garrafinhas,
andar por mais que alguns metros e outras dificuldades similares.
É
urgente que as lideranças de assistência social se organizem para que
profissionais se ocupem dessa questão, estudem rapidamente a problemática,
delineiem um plano de atuação e iniciem com firmeza suas ações. Grupos
voluntários, instituições privadas, doações particulares e outras fontes de
ajuda podem ser articuladas para complementar as ações governamentais.
Seria bom conhecer o que os outros países fazem e quais resultados
obtidos. Bons modelos ajudam muito.
Com ações e iniciativas corretas e rápidas muitas vidas podem ser
salvas, pode-se diminuir a demanda por recursos econômicos e a sobrecarga do
sistema de saúde. O preço psicológico será minimizado e mais rapidamente os desequilíbrios ou problemas sociais
serão superados. Será bom para todos.