Meus queridos leitores e adultos
de qualquer idade
Em relação à pandemia da Covid-19
(coronavirus) tenho ouvido dizer, com frequência, que os idosos são teimosos,
não obedecem e não colaboram. Queria lembrar a todos que os idosos estão há
muitos e muitos anos a decidir o que querem ou devem fazer e a terem sucesso
nessas decisões. Eles, são os indivíduos que foram capazes de sobreviver a
todas as dificuldades, desastres, bloqueios, amarguras, infelicidades,
tragédias e perigos durante toda a sua vida; salvaram-se a si e à sua família
porque tomaram as decisões corretas, durante anos e anos. Por isso, eles
acreditam na força das suas maneiras de fazer.
Eles não são teimosos, eles,
simplesmente não são capazes de, com a rapidez que está sendo exigida,
atualmente, processar as informações, assimilar os novos conhecimentos e
alterar todas as rotinas, hábitos e maneiras de agir enraizadas em seus
cérebros. Seus cérebros estão condicionados, e menos flexíveis e é este
condicionamento cerebral que os impede de aceitar alterações rápidas de
comportamento. Alguns deles estão atordoados com tantas informações, ora
verdadeiras, ora falsas, ora incompreensíveis, ora apavorantes. O medo se
instala com rapidez e o mais fácil é negar, pensar que todos estão loucos, que
falta tranquilidade e sensatez nos outros. Muitos nem chegam a compreender
todas estas iniciativas que as lideranças governamentais estão tomando e todo o
espalhafatoso aparato que esta pandemia está exigindo. Instala-se, muitas
vezes, o pavor, o pânico.
Eu estou nesse grupo, tenho 78 anos,
moro sózinha, cada informação que recebo sinto como uma pancada, tenho que parar,
refletir e pensar. Tenho que perguntar muitas coisas para outras pessoas. Levo
mais tempo a responder 10 vezes por dia, às perguntas que faço a mim mesma: E,
agora? O que posso fazer? Como me comportar? Como agir?
Se os mais novos compreenderem estes aspectos
poderão ajudar os seus queridos e amigos idosos e contribuir com a vitória
esperada por todos. Eles precisam de ajuda para pensar.
É necessário que expliquem aos idosos
com tranquilidade, carinho e muita paciência que estamos enfrentando uma guerra
universal contra um inimigo desconhecido que pode matar muita gente. Tem que
ser muitas vezes repetida a ideia de que só temos alguma chance de vitória se
fugirmos e nos esconder do inimigo, nos isolando de todas as pessoas que podem
estar com ele nas mãos e nas superfícies em que tocam. A casa é o nosso maior
refúgio. E, se não colaborarem colocam a vida de muitas pessoas em risco,
inclusive seus descendentes, amores, conhecidos e amigos. Só com o isolamento e
a união poderemos ultrapassar esta tragédia. Eles precisam dar o exemplo e
ajudar a comunidade. Precisamos deles para isso.
Os mais novos devem ajudar
pacientemente o idoso a planejar sua vida, suas novas rotinas, seus novos entretenimentos e seus novos cuidados para a saúde, nos mínimos detalhes. Lembrar
de selecionar as informações, usar técnicas de relaxamento, utilizar horários
alternativos, reduzir o sedentarismo, aceitar alimentos diferentes, valorizar a
hidratação e fortalecer a imunidade.
Para o mais novo é muito mais fácil
mudar, aperfeiçoar a generosidade, usar de criatividade, aceitar as diferenças
e adequar as atitudes ao novo mundo que está surgindo. E tem que escutar os
mais velhos, tem que respeitar suas considerações, sua inteligência, sua
experiência e seu conhecimento, tem que lhes demonstrar amor, interesse e
companheirismo. Eles também podem ter boas ideias. Os mais novos têm também que
fazer o esforço necessário, fazer a sua parte e lembrar que impaciência e
irritação são sentidas pelo idoso como violência. Não podem esquecer que
brincadeiras, gozações e piadas só são éticas e adequadas quando os dois lados
se divertem; caso contrário podem machucar.
Eu preciso de compreensão, respeito e
carinho; e não de autoritarismo e arrogância.
No final, vamos todos aprender muito e,
talvez, nos tornarmos melhores.