sexta-feira, 13 de março de 2020

Gripes e diarreias? Lavar as mãos.


Composição com toalha de linho e rendas do Séc. XIX

Há alguns dias, após ter lido um artigo sobre a importância de lavar as mãos para prevenir doenças, fui fazer os meus exercícios na academia propondo-me a observar onde colocava as minhas mãos. Elas abriam as portas, tocavam em inúmeros equipamentos de ginástica, apertavam as mãos e a roupa de outras pessoas, coçavam meu nariz, puxavam meu cabelo para trás, colocavam a camiseta no lugar, repuxavam as manivelas de controle dos equipamentos, etc. Em resumo, andavam de lá para cá, possivelmente, espalhando milhares de micróbios, para os outros e para mim mesma, transformando as minhas mãos em um ótimo veículo de transporte desses agentes patogênicos e suas doenças infecciosas, fontes de transtornos, febres, fraquezas, dores, tosses e mil outros incômodos. Elas possuem um conjunto de bactérias permanentes, difíceis de serem eliminadas, células descamativas, bactérias transitórias, suor, sujidade, oleosidade e outros elementos que explicam a efetividade do transporte de muitos agentes patogênicos. Compreendi de imediato o artigo que acabara de ler.
            Se esse quadro de alto risco à saúde de qualquer indivíduo é preocupante, em se tratando do idoso a gravidade se multiplica. A vulnerabilidade do idoso é maior devido a vários fatores. O sistema imunológico está enfraquecido devido à redução da produção dos anticorpos próprios do envelhecimento dos órgãos e tecidos. Além disso, existe um acúmulo de substâncias oxidativas próprias dos muitos anos de vida que coloca em risco a integridade do crescimento celular. Acrescente-se, também, as deficiências do atendimento às necessidades fisiológicas, tais como, sono deficitário, deficiências alimentares e de hidratação, muitas atividades sedentárias, higiene precária e outros, impedem o organismo de funcionar plenamente. Finalmente, o alto número de medicamentos para o controle dos problemas crônicos que aumentam as incompatibilidades e interações entre as drogas ou entre as doenças e as drogas, é outro fator que pode justificar a maior gravidade dos quadros infecciosos em idosos se comparados aos dos jovens.
            Os efeitos positivos na diminuição das infecções com a higienização das mãos não é um conhecimento novo. No Século XIX, um médico, Semmelweis, mostrou que a lavagem das mãos, antes de tocar em uma parturiente, poderia diminuir significativamente as infecções nessas mulheres após o parto. Atualmente, inúmeras publicações científicas comprovam que essa estratégia, além de barata, é fácil de ser executada e não exige recursos sofisticados. Também a literatura científica constata e prova que há uma relação estreita entre a higienização das mãos e a redução de infecções. Quanto maior o número de lavagens, maior é a redução das infecções. E não é só isso. A maneira de lavar as mãos pode aumentar a eficácia do procedimento. Não é só lavar, o ideal é lavar de forma eficiente.
            Quantas vezes, nos últimos meses, tivemos infecções respiratórias (pneumonias, gripes, resfriados, tosses), gastrointestinais (diarreias, vômitos e outros), infecções urinárias, infecções de pele (dermatites, micoses, pruridos, ardores na pele) e muitas outras? Será que foram provenientes de não lavarmos as mãos em algum momento importante? Ou se agravaram por descuido nosso ou da equipe de saúde?
            Assim, nós, idosos, temos que adquirir o hábito extremamente saudável de lavarmos
as nossas mãos. As questões mais importantes são “quando”, e “como”.
            Para responder as questões relacionadas com o “quando” não consegui encontrar
estudos científicos que respondam a estas questões, no contexto cotidiano e doméstico. Por
esse motivo eu criei, para meu uso particular, umas regras relacionadas à lavagem das
minhas mãos com base na minha sensatez, experiência e conhecimento. Eu tento não me
esquecer de lavar as mãos:
- Quando chego em casa para evitar trazer os inúmeros micróbios das minhas várias tarefas
realizadas fora de casa. Em todas elas eu sei que usei as mãos, no volante e na mudança das
marchas do carro, no trabalho, na academia, nas lojas, nos departamentos públicos, etc.
- Antes das refeições porque, sem querer, mexemos nos talheres, no pão, no copo, no
guardanapo e nos pratos. Possivelmente, coçamos os olhos, mexemos na boca ou passamos
as mãos no rosto e na roupa.
- Imediatamente após o uso do banheiro.
- Antes de fazer qualquer atividade na cozinha, relacionada a alimentos.
- Ao chegar a casa da minha filha porque ela tem filhos pequenos e as crianças, como os
idosos, são mais frágeis e vulneráveis. Procuro sempre não mexer nas mãos e pés dos bebés
porque eles adoram levar as mãos e os pés à boca.
- Quando acabo a musculação na academia, fonte bastante perigosa pelo uso das mãos nos
vários equipamentos já muito manuseados por outros clientes.
- Quando volto da manicure onde me cortam a cutícula. Previno micoses e infecções.
            Em relação ao “como”, já podemos encontrar muitos estudos produzidos pelas
instituições de pesquisa e orientações originadas nos órgãos públicos nacionais e
internacionais, preocupados com essa fonte de contágio. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), nos últimos anos, têm
divulgado várias orientações sobre como higienizar as mãos, principalmente, dirigidas para
os profissionais e as instituições de saúde.
Como não há orientações específicas para o contexto doméstico, a partir das
recomendações oficiais, elaborei uma técnica simples e barata que, acredito, é eficaz, com
o uso de água e sabão:
- Molhe as mãos com água.
- Aplique sabão em todas as superfícies das mãos.
- Esfregue várias vezes as mãos palma com palma.
- Esfregue a palma de uma das mãos sobre o dorso da outra mão. Repita o movimento
trocando as mãos.
- Esfregue palma com palma entrelaçando os dedos para limpar todas as faces de todos os
dedos. Esfregue bem ambos os polegares.
- Enxágue com água.
- Seque as mãos com uma toalha limpa e, com ela, feche a torneira.
Algumas recomendações práticas:
- Na sua casa, mantenha sempre pias, sabonetes e toalhas limpas e prontas para uso.
- Recomende aos familiares próximos, empregados e conhecidos o uso dessa estratégia.
- Dê o exemplo às pessoas de sua proximidade.
            Pode-se, também, esfregar as mãos com gel de álcool etílico a 70% (Nota: não podem ser usadas outras porcentagens) o que produz uma boa antissepsia, seca naturalmente e é fácil de usar.