Arte Sacra - Saco para coletar esmolas durante a missa, em veludo vermelho, bordado com fios de metal, do Séc XIX. |
Continuação
da postagem anterior...
Várias pesquisas e estudos constatam
que o homem tem maiores dificuldades que a mulher em relação a cuidados com sua
saúde, frequentar os consultórios médicos, tratar dos dentes, adquirir
aparelhos auditivos, usar os óculos e cuidar de si. Só o fazem quando a
gravidade já atrapalha o trabalho ou as dores incomodam muito. Foram habituados
a que “precisam ser fortes”, independentes, não podem se queixar, “não podem
chorar”. Não podem ser vistos como frágeis, vulneráveis, limitados. As
pesquisas demonstram que, nos homens, os problemas de saúde só são cuidados em
fase mais adiantada, mais complicada e com menor chance de solução.
Para o idoso, seja homem seja
mulher, a ajuda de terceiros, o auxílio de profissionais ou dos familiares é o
único recurso que lhes pode dar uma vida com bem-estar e melhorar sua
sobrevivência.
Vencer o medo, a vergonha, o orgulho
ou a vaidade para pedir ajuda é necessário apesar de dolorido e difícil. E
quanto mais cedo, melhor. As consequências de não expressar essa necessidade
também traz muito sofrimento e muitos problemas.
Hoje, compreendo melhor o meu pai.
Ele deve ter sofrido muito por não ser capaz de vencer o seu orgulho.
Sutilmente, recusava ir ao médico, pedir uma orientação profissional, pedir
ajuda aos filhos. Foi roubado, não foi compreendido, aceitou que supuséssemos
que ele não respeitava compromissos, não compreendíamos seus comportamentos
anômalos, aceitou críticas, sofreu rejeições. Tudo por falta de compreensão
nossa e conhecimento sobre estes aspectos do envelhecimento. Uma das grandes
dificuldades do envelhecer é que os jovens nada sabem sobre o que os de muita
idade sentem ou passam.
Nós, quando percebíamos, oferecíamos
auxílio, mas estávamos tão habituados a obedecer que aceitávamos pacificamente
suas recusas. Como erramos!!!!! Fomos educados por ele a ser liberais, a
aceitar que os demais tinham direitos de escolher o que queriam e que cada
pessoa deveria ser respeitada nas suas particularidades. Jamais impúnhamos a
nossa maneira de pensar.
Portanto, temos que pedir ajuda
quando for necessário. Temos que vencer as alegações que usamos, medo da
rejeição, vergonha, orgulho ferido, vaidade, e enfrentar o “monstro” da
solicitação de auxílio. Mas..…não é de qualquer forma. Se tomarmos alguns
cuidados evitamos sofrimentos e aliviamos dores. A minha experiência diz-me que
se pedirmos para pessoas que gostam da gente e são generosas, é mais fácil. É
mais fácil pedir para pessoas pacientes que para aquelas que não têm tempo nem
para si próprias. É mais fácil pedir para pessoas com muita idade, amigos,
parentes idosos ou vizinhos do que para jovens que não podem entender tão bem
nossas dificuldades. Os generosos vão gostar de nos ajudar, sentem-se úteis.
A forma de pedir também pode ajudar.
Facilita muito ser claro e objetivo quando conseguimos e tentar explicar muito
bem como, quando e em quê precisamos de ajuda. Às vezes, é útil fazer uma
lista, às vezes uma agenda, às vezes uma demonstração ou às vezes um desenho.
Quando aguardamos um momento
apropriado ou escolhemos um horário de tranquilidade em que o auxiliar pode nos
dar atenção, os empecilhos serão minimizados. Pedidos mais complexos podem ser
feitos em reuniões marcadas para se tratar do assunto.
Pedir ajuda, sim, mas com
discernimento e racionalidade. Escolher, com capricho para quem pedir, quando pedir e como pedir.