Muita Idade e Vida Saudável
por Maria Romana Friedlander
quinta-feira, 25 de julho de 2024
Líquidos em quantidade adequada: como prevenir o desiquilíbrio?
Continuação da postagem anterior
As pessoas de muita idade saudáveis devem beber mesmo sem ter sede, devem estar bem informadas sobre este assunto, precisam estar atentas aos fatores desencadeantes da desidratação, não beber uma grande quantidade de uma só vez para não causarem distensão gástrica e fazer uso de bebidas e alimentos muito variados para atender todas as suas necessidades.
Além disso, o Ministério da Saúde, desde 2006, aconselha que se evitem refrigerantes e bebidas industrializadas e que se opte por água tratada, filtrada ou fervida para beber e preparar alimentos.
Com a idade surgem algumas alterações fisiológicas próprias do envelhecimento que dificultam a manutenção do equilíbrio hídrico e que nos obrigam a ficar mais atentos. A sensação de sede que deve sinalizar a necessidade de ingestão hídrica está mais demorada e menos perceptível, o idoso não sente sede com facilidade, portanto esquece de beber líquidos. Outro fator limitante é a incapacidade física que impede, por vezes, o acesso ao líquido. Soma-se muitas vezes, a falta de atenção característica do desempenho cerebral envelhecido; a sua memória desgastada não ajuda a lembrar de que precisa beber algum líquido e o uso de alguns medicamentos (diuréticos e laxantes) que aumentam as perdas de água. O consumo de líquidos também pode ser afetado pela existência frequente de problemas de dor, de visão e de deglutição. Uma baixa ingestão alimentar, o aparecimento de alterações cognitivas, o uso de sedativos e o medo da incontinência urinária são fatores que também podem impedir a ingestão adequada de água. Nesses casos há necessidade de intervenções mais precisas e bem definidas para que não se instale uma desidratação. Cuidadores de idosos devem ser orientados para oferecerem líquidos aos seus clientes com frequência
Há vários estudos científicos que provam que o aporte adequado de líquido está associado a vários resultados positivos em idosos como menor número de quedas, melhoria nos níveis de sono durante a noite, menores taxas de constipação intestinal, confusão mental, delírios, insuficiência renal e infecções urinárias, febre por exposição a temperaturas elevadas e risco reduzido de câncer de bexiga nos homens. Consequentemente, as pessoas bem hidratadas auferem uma sensação geral de bem-estar.
Alguns especialistas afirmam que líquidos com outras substâncias além da água (sucos, sopas, leite e outros) são preferíveis à água pura porque as perdas hídricas (suor, urina, lágrimas e outros) são acompanhadas de outros nutrientes, particularmente, o sódio.
Continua na próxima postagem…
quinta-feira, 18 de julho de 2024
Líquidos em quantidade adequada: como funciona? (atualizado e acrescentado)
Sopas, caldos, sucos, sumos, água de coco, chás, água, refrigerantes, coalhadas, iogurtes, café, leite e outros são alguns dos líquidos que ingerimos para repor o que gastamos e ainda podemos acrescentar frutas, legumes, car
nes e peixes suculentos. Assim, pelo consumo alimentar, conseguimos oferecer ao organismo a quantidade de líquidos necessária.
Nada no nosso corpo funciona sem água; as articulações precisam de lubrificantes, a fala não será articulada sem a saliva, a digestão precisa das enzimas produzidas pelos órgãos digestivos, os olhos precisam da lágrima lubrificante, o sangue não será produzido, o labirinto dos ouvidos não trabalham sem água e assim por diante. O mais rapidamente afetado é o cérebro, o comandante do nosso organismo. Portanto, em poucos minutos, todo o funcionamento orgânico estará prejudicado se não houver líquidos em quantidade suficiente.
Por outro lado, pelos órgãos de eliminação conseguimos excretar os resíduos resultantes do metabolismo fisiológico (urina, fezes, lágrimas, suor e saliva).
Esse processo de entrada e saída precisa estar muito bem monitorado e controlado para preservar a vida. Os líquidos que entram são responsáveis pelo transporte dos nutrientes para alimentar as células e os líquidos que são expelidos descartam os resíduos celulares para serem eliminados, ou seja, o lixo do nosso organismo. Portanto, todos os órgãos podem ser atingidos por qualquer alteração no equilíbrio hídrico ou homeostase. O descontrole da homeostase resulta em desidratação ou hiperidratação, alterações que ocasionam grandes malefícios ao corpo humano. O problema mais comum entre as pessoas de muita idade é a desidratação.
Segundo os cientistas a pessoa idosa tem seu corpo composto por aproximadamente 50% de líquidos, ou seja, metade do que somos é líquido. O aporte líquido adequado conserva todos os mecanismos em funcionamento, incluindo a função cerebral, preserva as estruturas dos tecidos e mantém estável a temperatura do corpo humano.
A necessidade de líquidos pode mudar de indivíduo para indivíduo, mas existem alguns padrões estabelecidos pelos estudiosos e cientistas que podem ajudar na manutenção da vida saudável. A EFSA (European Food Safety Authority) recomenda a ingestão diária de 2,5 litros de água para homens e 2,0 litros para mulheres considerando o aporte de líquidos e o consumo alimentar. Essa quantidade deve ser aumentada em caso de temperaturas ambientais mais altas, atividades e exercícios físicos e o vestuário. Nos idosos esses valores também são válidos. O que altera é a rapidez para se tomarem medidas de ajuste ou adequações. Nos idosos as intervenções devem ser mais rápidas porque os prejuízos também tendem a aparecere com maior velocidade e a vulnerabilidade do idoso é mais alta.
Continua na próxima postagem...
quinta-feira, 11 de julho de 2024
Autoconhecimento: um dos pilares do cuidado com a nossa saúde – Parte III
Continuação da postagem anterior...
O autoconhecimento mental, segundo os psicólogos, é a capacidade de entender nossa personalidade e o que causa as emoções que sentimos. Nós não reagimos aos eventos, nós reagimos às emoções que esses eventos nos causam. Conhecer-se a si mesmo traz muitos benefícios. Em geral, segundo alguns psicólogos, quem se conhece, convive melhor consigo mesmo, aceita com mais facilidade seus limites e dificuldades, suas emoções e suas reações. Essa aceitação concorre para atitudes mais coerentes, mais claramente posicionadas e facilita a compreensão da própria essência que nos prepara para as adversidades do dia a dia. Estes fatores concorrem para a criação de uma personalidade mais segura, autônoma e assertiva.
A consciência de nossa identidade nos faz sentir merecedores de nossas conquistas; nos “empodera” e aumenta a nossa autoestima. Sob o ponto de vista mental, podemos nos conhecer de forma mais superficial observando como nos sentimos momento a momento do nosso cotidiano. Entretanto, para nos conhecermos realmente, como é nosso ser real, com profundidade, não é fácil. Um psicoterapeuta é o profissional mais adequado para ajudar nesse processo porque os fatos não são sempre muito fáceis de interpretar. A origem das nossas angústias, das nossas tristezas, dos sentimentos incapacitantes e dos nossos distúrbios emocionais é o foco a ser procurado para adequarmos o alívio dos sintomas e a solução dos problemas. Para isso, o grande recurso é o aprimoramento do conhecimento de nós próprios. Algumas dicas para desenvolver o autoconhecimento geral:
- Nós somos as pessoas mais adequadas para se encarregar de nosso cuidado; para assumir a responsabilidade por nós próprios. Se puder, não delegue.
- Aproveite o banho ou alguns momentos antes de adormecer para examinar seu corpo, olhando-o e apalpando-o.
- Anote os achados importantes e as datas de sua constatação. Reflita sobre eles e o que deve ser feito. Pergunte ou leia sobre o assunto e mantenha-se alerta. Verifique racionalmente se merecem ser explorados. Não os “jogue para debaixo do tapete” sem ter certeza que essa é a atitude mais apropriada.
- Tome as iniciativas que devem ser tomadas. Não opte por “deixar para depois”. Procrastinar, às vezes, tem um preço alto. - Cultive momentos de solidão, olhe para dentro de si própria e analise os aspectos positivos e negativos de sua identidade.
- Expanda seu vocabulário emocional, por meio de leituras, vídeos, conversas. Sem dominar as palavras é difícil elaborar os pensamentos.
- Analise a opinião dos outros sobre você ou alguma coisa sua. Às vezes, de fora se enxerga melhor do que visto por dentro.
- Peça ajuda para a pessoa certa, na hora certa e da forma mais adequada. Hoje o autoconhecimento é considerado um dos mais importantes pilares da saúde; é fundamental para a qualidade da nossa vida e do nosso cuidado. Vamos valorizá-lo e desenvolvê-lo uma vez que ele é imprescindível.
Continua na próxima postagem
sexta-feira, 5 de julho de 2024
Autoconhecimento: um dos pilares do cuidado com a nossa saúde – Parte II
Continuação da postagem anterior...
O processo do autoconhecimento nunca acaba e todos os dias tenho algumas pequenas e grandes surpresas comigo mesma. Com a muita idade, mulheres e homens precisam conhecer-se, apalpar-se e sentir a existência de nódulos, manchas, regiões com a sensibilidade alterada, “sinais”, consistências não usuais, acúmulos anormais de gorduras, “nós” de massa muscular, pontos doloridos, pontos avermelhados, pústulas, partes ressecadas, o crescimento de seus cabelos e unhas e outras alterações ou deformações que merecem nossa atenção e cuidado. Pequenas variações visuais ou de consistência nem sempre são achados sem importância; devem ser examinadas, observadas e analisadas para não se transformarem em grandes encrencas. Periodicamente, faça uma viagem atenta por todo o seu corpo, observando-o com os olhos e sentindo-o com as mãos. O médico é o profissional que pode avaliar qualquer alteração física, pode diagnosticar ou encaminhar a um especialista.
Sob o ponto de vista mais funcional é aconselhado manter a atenção para os alimentos adequados, a sua urina, as suas evacuações, a sua pele e tecidos adjacentes, o seu sono, o que evitar, o que o cansa em demasia, a quantidade de exercício adequada para manter e melhorar seu desempenho, os seus horários biológicos, aquilo que o lhe dá ânimo, vigor e vitalidade e outros dessa mesma natureza. “Ouça o seu corpo”.
Em mim, eu “escuto” algumas coisas interessantes. Há dias, sem motivo aparente, senti uma sonolência logo após o jantar (20 horas); achei estranho, mas resolvi ir dormir. Acordei de manhã, bem disposta, leve e pronta para enfrentar um novo dia. Com calma refleti sobre esse sono, lembrei-me de outros acontecimentos similares anteriores e desconfiei que sua causa era uma grande tensão por algumas horas, viver um evento que exigia de mim muita concentração e muita atenção. Depois de algum tempo de muita tensão, o sono era um descanso merecido e meu corpo estava refletindo o efeito dessas horas mentalmente tensas. Outra coisa interessante que “escuto” do meu corpo, é a quantidade de alimentação a ingerir. No momento que meu corpo diz que chega, eu brinco com o garfo, empurro a comida de lá para cá, disfarço um pouco e não como. Parece que “saber” quanto eu quero comer é hereditário; encontrei uns apontamentos da minha mãe dizendo que ficava muito preocupada porque eu, aos 6 meses, não gostava de comer e que havia dias que passava as 24 horas com metade de uma bolacha e negava-me a comer mais. Tenho um neto que, em certo momento da refeição anda com o alimento espetado no garfo à volta do prato e não come mais nada. Somos os dois muito saudáveis.
Continua na próxima postagem....
quinta-feira, 27 de junho de 2024
Autoconhecimento: um dos pilares do cuidado com a saúde (revisto) – Parte I
Como diz a palavra, autoconhecimento é o conhecimento da pessoa sobre ela mesma. Conhecer-se é fundamental para saber como nos cuidar, especificamente em relação à saúde. Controlar as emoções, conhecer os limites, captar os sentimentos e os motivos que nos fazem agir, interpretar as sensações e perceber alterações físicas ocorridas são algumas das vantagens do autoconhecimento. Sem isso, não podemos procurar as soluções e opções mais adequadas. Nós não somos aquilo que gostaríamos de ser, nem física, nem mentalmente; somos o resultado da nossa genética, do conhecimento da ciência, do ambiente em que vivemos, do estilo de vida que temos e das experiências vividas. Por isso somos únicos. Não temos grande poder sobre a nossa construção e composição física ou nossa personalidade. Precisamos experimentar, analisar, observar, refletir, viver, interagir, para nos conhecermos em cada situação. Quem não viveu a situação não a conhece e não conhece a si próprio frente a ela. Imaginar não é saber. Além disso, não somos todos os dias iguais, mudamos a cada segundo.
Em síntese, somos o ser mais complexo, difícil e sofisticado que existe sobre a terra. O processo de se autoconhecer é lento, exige muita atenção, muito cuidado, muita reflexão e muita observação. Requer, também, conhecimento sobre os acontecimentos passados e seus efeitos e informações sobre sua história familiar. A genética comanda entre 25% a 40% daquilo que somos. A maioria das mulheres da minha idade foi educada e mantida longe do conhecimento do seu corpo, era “feio” mexer nele, era “feio” mostrá-lo; quanto mais fechada e comprida a roupa das meninas, mais apreciada. Menina tinha que não aparecer, manter-se escondida do público. Até o espelho, por vezes, era desestimulado. Recato incluía, não afastar os braços do corpo em público, não os movimentar em demasia para não chamar a atenção. Com essa postura, eu e minhas contemporâneas pouco sabíamos do nosso físico, de suas formas e de suas sensações. Somente mais velhas, começamos a explorar nosso corpo.
Continua na próxima postagem...
quinta-feira, 20 de junho de 2024
Os melhores remédios estão com você – Parte III (acrescentado)
Continuação da postagem anterior...
Vamos guardar estas dicas:
São remédios complementares que não se compram na farmácia:
- Manter uma vida muito ativa, com espaços regulares e adequados para o repouso
- Fazer exercícios físicos regularmente
- Alimentar-se com uma dieta saudável e diversificada.
- Seja alguém independente da opinião dos outros
- Organizar uma rotina que favoreça boas noites de sono.
- Não esquecer a medicação prescrita pelo médico
- Ser feliz. O prazer e o riso fácil são ótimos remédios
- Interagir com amigos e conhecidos agradáveis e bons companheiros.
- Saber dizer não de forma educada.
- Só gastar o seu tempo com atividades ligadas ao bem e à positividade.
- Tomar sol com segurança, nos horários adequados.
- Prevenir o estresse, a ansiedade e a melancolia
- Respirar, de preferência, ar mais puro.
- Conquistar independência e autonomia.
- Saber afastar tudo e todos que não lhe fazem bem.
Para finalizar gostaria de contar que, alguns anos atrás, um médico bastante sábio receitou, com o formato de medicação, a aquisição de um animal de estimação para uma parente minha. Antigamente, só tinha um animal de estimação aqueles que gostavam e tinham condições para o manter. Atualmente, a solidão dos idosos e a alta mobilidade das pessoas ocasionam muitas dificuldades para se fugir da solidão. Um companheiro de 4 patas pode ocupar um lugar importante na vida de algumas pessoas. É um remédio ao nosso alcance.
quinta-feira, 13 de junho de 2024
Os melhores remédios estão com você – Parte II (atualizado)
Continuação da postagem anterior...
Sempre que sinto alguma alteração no meu organismo, alguma dor, tontura, febre e outras começo por procurar um médico e seguir suas orientações. Mas, paralelamente, começo a refletir sobre o que posso fazer para ajudar meu corpo a normalizar-se. Ponho em ação “os remédios que estão comigo”. Revejo meus comportamentos de saúde e fico mais rigorosa com sua adequação, ou seja, se não houver contraindicação, aumento os exercícios, tomo mais líquidos, melhoro a alimentação em variedade e qualidade, procuro dormir mais e tomar sol, respeito com mais afinco meus horários biológicos, faço mais vezes meditação, aumento o meu lazer e fontes de prazer e ponho o cérebro a enfrentar mais desafios e a fazer ginástica e assim por diante. Muitas vezes, vou ao médico só para contar-lhe como melhorei e peço-lhe para conferir.
Durante esta última pandemia, esses remédios que eu posso usar sem receita médica ajudaram-me a resolver muitas coisas. O estresse com as notícias sobre o novo corona vírus causou-me crises de aumento da pressão arterial, crise de labirintite, início de desidratação, sensações de angústia e apertos no peito, e mal estar geral que foram sanados com duas chegadas até ao Pronto Atendimento e os “remédios que estão comigo”. Os médicos que procurei foram excelentes; indicaram-me desligar a televisão, tomar chá de camomila, conversar por telefone com amigos e ler muitos romances. Obedeci-lhes e não utilizei nenhum recurso farmacológico.
Outra importante orientação é aprofundar o nosso autoconhecimento. Nós não somos o que queremos ser e, muitas vezes nos observamos como gostaríamos de nos ver. Tire a poeira dos olhos e observe-se como realmente é, sem mascarar o resultado. “Entre na real”, como se dizia antigamente. Nós não nos conhecemos a não ser quando aceitamos os resultados das nossas vivências. Os indivíduos de muita idade, conhecem sua história, conhecem muitas coisas de seus antepassados e conhecem suas interações com o mundo. Portanto, podem-se conhecer muito melhor se se olharem cuidadosamente e não se iludirem. Essas observações são essenciais para conduzirem suas decisões sobre você mesmo. Aprenda a aceitar-se, a amar-se e a respeitar-se. Dessa forma, os outros vão aceitar você, a amá-lo e a respeitá-lo. Experimente sempre que possível, observe-se e aceite os resultados.
Finalmente, se você é uma pessoa com muita idade, não se espante com o fato do seu corpo estar muito diferente do que era. As alterações externas são fáceis e rápidas para serem descobertas. Mas as internas nos surpreendem todos os dias. Agora, o corpo demora para reagir, exige espera e paciência; só dois dias depois eu percebo que exigi demais de um músculo. É mais frágil; qualquer batida exige gelo na hora para a pele não ficar roxa. As sensações estão mais lentas e sutis; a fome, a sede, o frio e outras são sentidos de maneira diferente ou muito suavemente. Exige maior vigilância e observações constantes. O corpo mudou e continuará a mudar. O corpo fala e você tem que o entender. Aceite, assimile e se adapte; treine a sua flexibilidade. Portanto, mantenha suas células saudáveis e você terá mais saúde. Use os remédios que estão em você. Uma vida saudável gera saúde. Mas, não pode ter pressa, o corpo é muito demorado.
Continua na próxima postagem...
Assinar:
Postagens (Atom)