quinta-feira, 18 de abril de 2024
A solidão como companheira da velhice. Parte III
Continuação da postagem anterior
Um dia, em 1995, percebi que eu passaria a noite da passagem de ano sozinha e senti que não tinha vontade de encarar essa noite assim. Será que não haveria outras pessoas conhecidas que estivessem na mesma situação? Telefonei e encontrei três ou quatro amigos que gostariam de companhia nessa noite. Fizemos um lanche em que todos colaboraram, cantamos e ouvimos músicas conhecidas, contamos histórias e casos, contamos piadas, rimos muito de nossas aflições passadas, enfim, passamos uma noite muito boa. Aprendi a lição e a tenho repetido muitas vezes. Nós podemos manter o controle de nossas vidas durante muito tempo. É muito saudável.
A primeira atitude positiva é admitir que precisamos da presença dos membros da nossa família, dos nossos amigos e das pessoas com quem temos ligações afetivas. O convívio com os elementos significativos mantém-nos alertas, motivados, autoconfiantes, com objetivos precisos, capazes de interagir e aprender, enfim, vivos. Uma pesquisa do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (Portugal) demonstrou que quem sai de casa com mais frequência e tem múltiplas relações de amizade são os que menos se queixam de solidão e avaliam melhor a qualidade de sua vida.
A segunda atitude aconselhável é impedir que a timidez bloqueie nossas iniciativas; apesar de difícil, temos que perder o medo de pedir ajuda. Não podemos nos “auto mutilar”. Vale a pena tentar muitas vezes e treinar para superarmos a nossa timidez. A única forma de vencer a timidez é tentar superá-la muitas vezes. É praticar a superação.
Outra “dica” que pode ajudar é treinar nossa criatividade para encontrarmos ou criarmos oportunidades de agrupar as pessoas ao nosso redor; precisamos delas e, talvez, elas de nós. Podemos organizar, entre os nossos amigos, reuniões, visitas, jantares, lanches, viagens, teatro, cinema, eventos musicais, passeios, atividades grupais como dança, canto, ginástica, jogos, trabalhos manuais e outras. Há pessoas que, naturalmente, criam vínculos e mantêm as pessoas unidas; outros têm que fazer algum esforço. Mas os benefícios que retornam mostram o enorme valor desse esforço.
Finalmente, tente conhecer-se e respeitar seus gostos, seus horários e preferências. Amigos e familiares, ao ler este texto têm me presenteado com depoimentos muito interessantes. Descrevem-me suas iniciativas com o uso da criatividade e com respeito por suas preferências. Mas, quanto mais o tempo passa, mais difícil controlar essas situações. A longevidade é cara; exige um preço muito alto.