quinta-feira, 11 de abril de 2024

A solidão como companheira da velhice. Parte II

Continuação da postagem anterior Sempre ouvia falar em solidão e não sabia realmente o que sentimos quando temos solidão. É estar sozinha? Acho que não, porque até gosto de ter tempo para fazer as coisas que só podemos fazer sozinhos. O professor, historiador e filósofo, Leandro Karnal, em seu livro, O dilema do porco espinho – como encarar a solidão (Planeta do Brasil, 2018), afirma que o fato de não podermos controlar o nosso isolamento de outras pessoas é o que define a solidão. Muitas vezes preciso de alguém do meu lado e, em outros momentos, preciso de isolamento. O controle dessas duas situações é a chave que transforma o bem-estar da privacidade em solidão. Dói não ter companhia, atenção, carinho, ouvido para desabafar, uma voz para dar força, uma sensação de que somos amados ou uma presença para nos animar quando a desejamos e é desconfortável querer estar com a atenção interiorizada e alguém solicitá-la além dos nossos limites. Afinal, é a falta de liberdade e controle da nossa vida o que nos incomoda. Enquanto o ficar só é essencial à nossa maturidade, a solidão é sentida como dor, desconforto, tristeza profunda e mal estar. Mas, cada pessoa reage de forma diferente; enquanto para alguns o estar sozinho nunca é confortável, para outros passa despercebido, sem sensações pouco agradáveis. O sentimento de solidão é tão frequente que quase se torna sinônimo da velhice. Os grandes centros urbanos e a vida moderna têm reforçado muito essa triste situação. O idoso torna-se um ser sem o direito e a capacidade de controlar sua própria vida e muito menos controlar a quantidade do seu isolamento. As pesquisas ainda são muito poucas. Parece que a vida em residências ou lares para idosos não evita a sensação de solidão porque são os idosos que vivem em instituições aqueles que mais se queixam e apresentam sintomas de depressão com maior frequência. Não é a presença de qualquer pessoa que nos impede de sentir solidão. A reclamação recai sobre o afastamento das pessoas significativas ou com algum vínculo afetivo e o estreitamento do círculo social. Os velhos amigos da mesma geração têm afinidades e vivências comuns e podem proporcionar um intenso conforto social. Portanto, todos os esforços devem ser dirigidos para manter a mobilidade e podermos ir até àqueles que nos fazem falta. A interação social é preciosa para nós. Mesmo assim, vamos perdendo esses velhos e preciosos amigos. Continua na próxima postagem...