quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

O sono é fundamental para a saúde (revisado e ampliado) – Parte III

Continuação da postagem anterior ... Hoje, aos 81 anos durmo de sete a oito horas diárias com dois despertares noturnos. Às vezes demoro acordada durante a noite à volta de uma hora e meia, leio um pouco, faço exercícios mentais, tomo um copo de leite morno, faço exercícios de relaxamento corporal e torno a adormecer. Acordo, depois de completar sete ou oito horas, muito bem e animada para iniciar as minhas atividades. Mantenho-me ativa durante todo o dia, não faço sesta ou tiro cochilos durante o dia e não tomo medicamentos para dormir. Só uso medicamentos prescritos, em dosagem muito baixa, quando passo mais de três ou quatro noites sem dormir e não consigo recuperar o sono. Tenho medo dos malefícios da insônia crônica. Mas isso acontece, em média, duas ou três vezes ao ano. Para ajudar a adormecer, leio todos os dias algumas páginas de um livro interessante. Fiz da leitura um hábito que tem substituído os medicamentos de forma eficiente. Outra vantagem da leitura é que ela afasta o pensamento da ansiedade e das preocupações, além de ser considerada ótima atividade para exercitar o cérebro e manter atualizado o nosso contato com o mundo. Chego a ler um ou dois livros por semana. Os especialistas aconselham a manutenção de rotinas diárias incluindo horários de adormecer. Aconselham, também, a prática sistemática de exercícios físicos, alimentação variada e balanceada, vida ativa, boas interações familiares e sociais, lazer e estímulos agradáveis. O ambiente também pode auxiliar: quarto escuro, temperatura agradável, silêncio noturno, tranquilidade, comodidade da cama e do quarto, condições para exercer as atividades preferidas e ter um alto grau de independência e autonomia pessoais. Tomar sol por algum tempo também melhora o sono; para mim, este recurso é um dos mais eficientes. Em 2002 a Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou a acupuntura e a meditação para o tratamento complementar de diversas doenças, incluindo as desordens de ordem psicológica e emocional. Paralelamente, alguns artigos publicados em revistas científicas reconhecidas têm mostrado que a acupuntura, realizada por especialista, pode auxiliar o idoso a recuperar seu sono saudável. Parece que a acupuntura regula a secreção de melatonina e a liberação de endorfina, um analgésico que nosso corpo fabrica de forma natural. Da mesma forma, a meditação tem sido muito estudada e indicada para complementar o tratamento de transtornos relacionados ao estresse, ansiedade, dores, desconfortos e insônias. Boa noite!!!!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

O sono é fundamental para a saúde (revisado e ampliado) – Parte II

Continuação da postagem anterior... As necessidades humanas de sono diário nas várias etapas da vida, recém-nascidos, crianças e jovens, já são bem conhecidas. Sabe-se, também, que há variações de indivíduo para indivíduo e que existem vários determinantes pessoais e contextuais que auxiliam a pessoa a dormir melhor ou pior. Quanto ao sono do idoso, ainda há muito a ser pesquisado e estudado, mas, já se sabe que, mais da metade dos idosos têm problemas relacionados ao sono motivados por dor ou desconforto físico, fatores ambientais, ansiedade, estresse, preocupações e outros desconfortos emocionais, medicamentos e alterações na saúde. As modificações no padrão do sono alteram o equilíbrio orgânico (balanço homeostático) e têm impacto negativo no sistema imunológico, nas funções psicológicas, no desempenho geral, no humor, aumentam o aparecimento de comportamentos alterados, aumentam as dificuldades de recuperação e diminui a habilidade de adaptação. A incapacidade para dormir bem está relacionada com a diminuição mais acentuada da função cognitiva, maiores riscos de quedas e acidentes, prejuízos nas funções respiratórias e cardiovasculares, necessidade antecipada de cuidadores e aumento da mortalidade dos idosos. Os principais sintomas de sono não saudável no idoso são: dificuldade para iniciar o sono (insônia inicial), acordar muitas vezes durante a noite, ficar na cama muito tempo sem dormir, sonolência diurna, insônia terminal ou dormir pouco tempo, uso de drogas para dormir e cochilos muito frequentes durante o dia. Por outro lado, os padrões do sono no envelhecimento saudável são: tempo diário de sono noturno, em média, à volta de seis a sete horas; cerca de três ou quatro despertares noturnos; poucos cochilos diurnos; tendência a deitar e acordar mais cedo e sensação de bem-estar ao acordar, ou seja, sentir que dormiu o suficiente e está descansado. Os cientistas acham que ainda devem ser realizados mais estudos para confirmar os padrões normais do sono das pessoas idosas. Em outras palavras, há muitas dúvidas do que é normal para o idoso e o que é realmente problema. Essas dúvidas também estão presentes no que se relaciona às condutas corretas para minimizar ou solucionar os problemas e dificuldades percebidas. A pesquisa científica nessa área, em poucos anos, deverá dar mais respostas e prover mais soluções. Continua na próxima postagem...

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

O sono é fundamental para a saúde (revisado e ampliado) – Parte I

Até há poucos anos escutei dizer que “quem madruga Deus ajuda”. Antigamente, os pais acordavam as crianças cedo para lhes incutir “bons hábitos”. Pensavam que dar bom exemplo era acordar cedo e dormir poucas horas por dia porque era sinal de pessoa trabalhadora e ativa. As pessoas tinham orgulho em dizer que se sentiam muito bem dormindo apenas quatro ou cinco horas por dia. Dormir, para as gerações passadas, era sinônimo de preguiça. Aos 15 anos eu dormia cerca de oito a nove horas diariamente e, se não completava a porção de sono necessária, passava o dia todo sonolenta. Não falava muito sobre isso para não dizerem que eu era preguiçosa. Percebi também que, quando ficava uma noite sem dormir, no dia seguinte precisava dormir o dobro do tempo. Os meus pais eram sábios, respeitavam muito a minha necessidade de sono e favoreciam as condições para que eu pudesse dormir o tempo que fosse necessário. Eles também dormiam muito bem. A partir de meados do século passado o conhecimento científico sobre o sono se desenvolveu muito devido ao aparecimento de instrumentos especializados e bastante precisos que podiam captar informações cerebrais com maior acuidade e confiabilidade. Assim, as pesquisas científicas puderam intensificar-se e, atualmente, já está demonstrado que dormir o necessário e descansar após exercícios físicos intensos são importantes para a saúde. Na parte do texto sobre longevidade, publicada neste blog, em 21/09/2023, apresentamos uma síntese de uma importante investigação sobre os hábitos que podem acrescentar alguns anos de vida ao ser humano. Os resultados demonstram que “ter boas noites de sono” pode acrescentar vários anos à nossa vida. Dizendo de outra forma, o pouco cuidado com o sono foi associado a um risco de óbito de 20%. Portanto, o sono é uma necessidade fisiológica com importante função restauradora e reguladora de todo o organismo, necessária para a preservação da vida saudável. Isso justifica o indivíduo estar atento à qualidade dessa função e procurar auxílio profissional sempre que note alterações. Parece que o sono é induzido pela liberação do hormônio hipofisário, a melatonina. Alguns horários durante as 24 horas do dia, como madrugada e após o almoço, favorecem a liberação dessa substância. A exposição ao sol, a ingestão de carboidratos e banhos mornos são alguns fatores que também aumentam a produção de melatonina. Esses agentes podem ser usados para melhorar a qualidade do sono nos idosos. Continua na próxima postagem...

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Alguns mitos e verdades sobre o cérebro – Parte IV

Continuação da postagem anterior... 11) É mais fácil aprender idiomas na infância. Conquistar este aprendizado na época da alfabetização e durante o desenvolvimento funcional cerebral cria uma área específica para o novo idioma. “Diferentemente do aprendizado mais tardio, em que ela será apenas uma conversão da língua nativa. Tal conhecimento ficará melhor ancorado e o processo será mais cômodo e menos trabalhoso”, garante o neurologista Leandro Teles. 12) Usar drogas prejudica o funcionamento cerebral. Drogas agem negativamente na atividade cerebral. O prejuízo dependerá, obviamente, do tipo de droga, da forma de uso e da quantidade e frequência. “Mas todas, de modo geral, geram alterações imediatas nas redes neurais, provocando perturbação aguda e crônica do funcionamento do órgão e levando à dependência física e psíquica”, considera o neurologista Leandro Teles. “A área relacionada ao prazer é ativada de maneira compulsiva. E, uma vez estabelecida a dependência, o mecanismo cerebral será afetado. Além disso, no caso de drogas ilícitas, o paciente apresentará outros sintomas relacionados à dependência química”, completa o neurocirurgião Antonio Salles. 13) O cérebro precisa descansar, por isso não é recomendável estudar pouco antes de uma prova. Dar esse intervalo, aliás, é fundamental para quem busca atividade intelectual de excelência. No caso de provas, vale cumprir as metas de estudo a tempo suficiente para descansar, sem culpa, no dia anterior e no próprio dia do exame. Com isso, esclarece o neurologista Leandro Teles, o cérebro fica apto a exercer toda sua capacidade estratégica e de evocação necessária na resolução das questões. “Estudar em cima da hora traz ansiedade, cansaço e baixa de rendimento na hora H”. Para a neurocientista Alessandra Gorgulho, uma noite bem dormida prepara a cabeça para tarefas complexas. Estudos da Universidade da Califórnia em San Diego, publicados nas revistas “Neuroreport”, “Nature” e “Journal of Sleep Research” mostraram que quando o cérebro está privado do sono, ou simplesmente cansado, sua habilidade de integrar fica diminuída. “Não é recomendável usar a reserva antes, mas sim começar a prova contando com sua completa capacidade para acionar todo o conhecimento adquirido. No dia mesmo, o melhor é confiar no que já se sabe”. 14) A dor reside no cérebro e pode ser controlada. A dor é uma criação cerebral. O que ocorre é que a percepção de lesão, em alguma parte do corpo, é interpretada pelo cérebro como dor, sinalizando o organismo de que deve tomar uma providência para evitar o agravamento do quadro. Alguns medicamentos, como os analgésicos, alteram a assimilação cerebral da dor, reduzindo sua manifestação. Ou seja: a informação sensitiva da dor é captada na periferia (pele, dente etc) e transmitida ao cérebro pela medula espinhal. A informação leva, então, a uma reação motora protetora. Exemplo: a pessoa coloca o dedo em uma superfície quente e o retira em milésimos de segundos. “Tal comportamento instantâneo é mediado na medula espinhal de modo que, antes mesmo do total processamento do dado pelo cérebro, o arco reflexo medular resolveu o problema de maneira extremamente eficaz, evitando o aumento da lesão, neste caso, a queimadura”, destaca o neurocirurgião Antonio Salles. 15) Lesões no cérebro são permanentes. A maioria dos casos, não. Tudo depende do tamanho, da causa, da idade do acometimento e da localização da lesão. “Felizmente, na maioria das vezes, a lesão não atinge em cheio o centro da área responsável por determinada função. Com isso, o deficit neurológico pode ser reversível com o tempo e reabilitação adequada”, salienta o neurologista Leandro Teles. Por outro lado, há problemas que deixam uma cicatriz permanente no órgão, como disfunções produzidas por isquemia (falta de oxigenação), hemorragias/hematomas, tumores, lesões por radiação e quimioterapia. “Mas existem mecanismos compensatórios que tentam anular ou minimizar o estabelecimento destes males. Áreas adjacentes podem suprir a função de outras prejudicadas minimamente. E isso sem falar que, às vezes, tomografias e ressonâncias identificam uma anormalidade que, no entanto, não se traduz clinicamente em nenhum sintoma neurológico”, completa o neurocirurgião Antonio Salles. Fonte: UOL Saúde