sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Alguns mitos e verdades sobre o cérebro – Parte IV

Continuação da postagem anterior... 11) É mais fácil aprender idiomas na infância. Conquistar este aprendizado na época da alfabetização e durante o desenvolvimento funcional cerebral cria uma área específica para o novo idioma. “Diferentemente do aprendizado mais tardio, em que ela será apenas uma conversão da língua nativa. Tal conhecimento ficará melhor ancorado e o processo será mais cômodo e menos trabalhoso”, garante o neurologista Leandro Teles. 12) Usar drogas prejudica o funcionamento cerebral. Drogas agem negativamente na atividade cerebral. O prejuízo dependerá, obviamente, do tipo de droga, da forma de uso e da quantidade e frequência. “Mas todas, de modo geral, geram alterações imediatas nas redes neurais, provocando perturbação aguda e crônica do funcionamento do órgão e levando à dependência física e psíquica”, considera o neurologista Leandro Teles. “A área relacionada ao prazer é ativada de maneira compulsiva. E, uma vez estabelecida a dependência, o mecanismo cerebral será afetado. Além disso, no caso de drogas ilícitas, o paciente apresentará outros sintomas relacionados à dependência química”, completa o neurocirurgião Antonio Salles. 13) O cérebro precisa descansar, por isso não é recomendável estudar pouco antes de uma prova. Dar esse intervalo, aliás, é fundamental para quem busca atividade intelectual de excelência. No caso de provas, vale cumprir as metas de estudo a tempo suficiente para descansar, sem culpa, no dia anterior e no próprio dia do exame. Com isso, esclarece o neurologista Leandro Teles, o cérebro fica apto a exercer toda sua capacidade estratégica e de evocação necessária na resolução das questões. “Estudar em cima da hora traz ansiedade, cansaço e baixa de rendimento na hora H”. Para a neurocientista Alessandra Gorgulho, uma noite bem dormida prepara a cabeça para tarefas complexas. Estudos da Universidade da Califórnia em San Diego, publicados nas revistas “Neuroreport”, “Nature” e “Journal of Sleep Research” mostraram que quando o cérebro está privado do sono, ou simplesmente cansado, sua habilidade de integrar fica diminuída. “Não é recomendável usar a reserva antes, mas sim começar a prova contando com sua completa capacidade para acionar todo o conhecimento adquirido. No dia mesmo, o melhor é confiar no que já se sabe”. 14) A dor reside no cérebro e pode ser controlada. A dor é uma criação cerebral. O que ocorre é que a percepção de lesão, em alguma parte do corpo, é interpretada pelo cérebro como dor, sinalizando o organismo de que deve tomar uma providência para evitar o agravamento do quadro. Alguns medicamentos, como os analgésicos, alteram a assimilação cerebral da dor, reduzindo sua manifestação. Ou seja: a informação sensitiva da dor é captada na periferia (pele, dente etc) e transmitida ao cérebro pela medula espinhal. A informação leva, então, a uma reação motora protetora. Exemplo: a pessoa coloca o dedo em uma superfície quente e o retira em milésimos de segundos. “Tal comportamento instantâneo é mediado na medula espinhal de modo que, antes mesmo do total processamento do dado pelo cérebro, o arco reflexo medular resolveu o problema de maneira extremamente eficaz, evitando o aumento da lesão, neste caso, a queimadura”, destaca o neurocirurgião Antonio Salles. 15) Lesões no cérebro são permanentes. A maioria dos casos, não. Tudo depende do tamanho, da causa, da idade do acometimento e da localização da lesão. “Felizmente, na maioria das vezes, a lesão não atinge em cheio o centro da área responsável por determinada função. Com isso, o deficit neurológico pode ser reversível com o tempo e reabilitação adequada”, salienta o neurologista Leandro Teles. Por outro lado, há problemas que deixam uma cicatriz permanente no órgão, como disfunções produzidas por isquemia (falta de oxigenação), hemorragias/hematomas, tumores, lesões por radiação e quimioterapia. “Mas existem mecanismos compensatórios que tentam anular ou minimizar o estabelecimento destes males. Áreas adjacentes podem suprir a função de outras prejudicadas minimamente. E isso sem falar que, às vezes, tomografias e ressonâncias identificam uma anormalidade que, no entanto, não se traduz clinicamente em nenhum sintoma neurológico”, completa o neurocirurgião Antonio Salles. Fonte: UOL Saúde