quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Alguns mitos e verdades sobre o cérebro – Parte II

Continuação da postagem anterior... 3) A prática de exercícios físicos favorecerá o cérebro na velhice. Trabalhos internacionais e nacionais mostraram relação entre atividade física regular durante a vida e melhores índices cognitivos na terceira idade. De acordo com o neurologista Leandro Teles, tal ligação se dá mesmo entre pessoas que começam a mexer o corpo em idade avançada e em pacientes com esquecimentos e formas iniciais de doença de Alzheimer. “Portanto, ginástica ou esporte feito com seriedade protege o cérebro e retarda e ameniza os sintomas de doenças degenerativas”, conclui o médico. Antonio Salles complementa informando que o órgão emprega 15% do fluxo sanguíneo corporal e 20% do consumo de oxigênio do corpo. “Quando nos exercitamos, aumentamos o fluxo sanguíneo cerebral, o que leva a vários efeitos positivos: integridade dos pequenos vasos, demanda sanguínea adequada para a área motora do cérebro, suprimento de micronutrientes para o bom metabolismo de neurotransmissores e estímulo para liberação de endorfinas responsáveis pelo bem-estar”. “E tem mais: segundo a neurocientista Alessandra Gorgulho, estudo recente com jovens estudantes irlandeses mostrou que, após o exercício, houve melhora em tarefas relacionadas à memória. Ficou evidente o aumento celular no hipocampo, região do cérebro importante na manutenção da memória. Porém, tal incremento parece ser efêmero, desaparecendo quando a ginástica é abandonada. Portanto, os benefícios parecem ser semelhantes ao que se observam nos músculos: eles são eficazes se regulares, realizados habitualmente”. 4) Exercitar o cérebro nos torna mais inteligentes. “O órgão melhora com a prática. Fica mais rápido, erra menos e cria atalhos mentais. A inteligência é um conjunto complexo de habilidades cognitivas, fruto da genética e do ambiente, diz o neurologista Leandro Teles, acrescentando que pessoas que exercitam a mente no cotidiano, no trabalho ou mesmo com atividades recreacionais estão mais protegidas contra sintomas de desatenção, esquecimentos e baixa do rendimento intelectual. Nossa cabeça surpreende muito com a prática: dominamos idiomas e instrumentos musicais, revelamos habilidades artísticas e outras particularidades, diz. Para o neurocirurgião Antonio Salles, o constante exercício cerebral significa somar conhecimento, usar funções estabelecidas e até desenvolver capacidades antes não presentes, como falar uma nova língua”. 5) O uso do cérebro é proporcional ao nível intelectual do indivíduo. Sabemos, no entanto, que áreas específicas são encarregadas de funções diferentes, chamadas a participar quando a ação é requisitada – o que acontece com as áreas motora, sensitiva, da emoção e da memória. Portanto, usamos todo o cérebro, só que em momentos e situações particulares de acordo com nossas atividades. E tem mais, existe uma grande reserva de plasticidade, ou seja, algumas regiões são convocadas a suprir deficiências de outras em casos de doenças. Em outras palavras, o homem tem capacidade para utilizar seu cérebro completamente, dependendo da situação em que está engajado, diz o neurocirurgião Antonio Salles”. 6) Ao utilizarmos o cérebro, consumimos energia do nosso corpo. “O órgão consome 20% do total da energia requerida para todo o corpo humano. Destes 20%, dois terços são usados para comunicação entre as células. Isso mantém constante a integração química e elétrica de todas as áreas funcionais do cérebro”, informa a neurocientista Alessandra Gorgulho. O terço restante parece ser usado nos cuidados da saúde cerebral e manutenção da máquina como um todo, como limpeza celular, reposição de metabólitos importantes e proteção contra infecções. Tais dados foram sugeridos em um estudo publicado na revista da National Academy of Science por um grupo de cientistas americanos da Universidade de Minnesota, Estados Unidos”. Continua na próxima postagem...