quinta-feira, 15 de julho de 2021

A vida e o envelhecer pelos olhos de uma idosa

AMIGOS LEITORES Ao iniciar as minhas férias, gostaria de pedir a cada leitor que me envie uma frase de sua autoria que refletisse um pensamento, uma emoção, um sentimento ou uma reflexão sobre a vida ou o envelhecimento. Abaixo, envio várias frases de minha autoria a título de exemplo. As frases devem vir acompanhadas do nome (ou iniciais) do autor, sexo, idade, ocupação ou profissão e local onde reside. As mais interessantes serão publicadas neste blog.
A vida e o envelhecer pelos olhos de uma idosa, por Maria Romana Friedlander, 79 anos, sexo feminino, professora, julho/2021, São Paulo, Brasil. - Envelhecer é uma soma contínua de perdas, exige flexibilidade e capacidade de se reinventar a vida. Reinvente-a todos os dias. - Não se choram as perdas causadas pelo envelhecimento; aplaude-se o que resta. - Com a idade percebemos que quem nos quer bem continuará a querer mesmo discordando; quem não nos ama continuará a não amar mesmo que concordando. - A natureza nos envelhece, não precisa você envelhecer-se. - Quanto mais idade tenho, mais preciso da família e dos amigos. - Eu não desejo viver muito, só desejo viver bem. - O limite de nossos sonhos não está na idade. - A idade presenteia-nos com uma liberdade imensa; você só precisa assumi-la e vivê-la. - Só se aprende aquilo que assumimos “não saber” e é preciso muita coragem para enfrentar a própria ignorância. - Para ser feliz é preciso ter muita coragem. - A personalidade do indivíduo também é fruto do respeito por si próprio e por aquilo que ele é. - Assuma-se e enfrente-se; assim, se tornará mais forte e seguro. - Ao invés de chorar a morte de um bem-querer, agradeça o privilégio de o ter tido em sua vida. - Só se cuida aquele que acredita em seu valor. - Você jamais pode saber o que o outro vai pensar; portanto, não viva em função disso. De outros autores - Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho (Clarice Lispector, na obra “A hora da estrela”). - A sabedoria, por vezes, exige fechar os olhos, a boca e os ouvidos (Provérbio chinês). - “Quando se gosta da vida, gosta-se do passado porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana” (Marguerita Yourcenar, na obra “De olhos abertos”; foi a primeira mulher a ser eleita para a Academia Francesa de Letras)

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Cohousing sênior: uma forma de morar

ENTREVISTA Com Bento da Costa Carvalho Júnior, 74 e Neusa da Costa Carvalho,72, são estudiosos de cohousing e envelhecimento desde 2013. Bento é engenheiro de alimentos e professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) aposentado e integrou várias diretorias da Associação de Docentes daquela instituição (ADUNICAMP). Neusa é professora aposentada de Inglês e Português de uma instituição reconhecida de Ensino Médio. Ambos participaram do Grupo de Trabalho sobre Moradia da Adunicamp; como tal participaram da proposta de cohousing sênior “Vila ConViver”. Ambos fazem parte do grupo responsável pela implantação do site brasileiro https://www.cohousingemrede.com.br MRF Em linhas gerais vocês poderiam explicar o que é “cohousing”? BCCJ/NCC – É um tipo de comunidade residencial construída por um projeto arquitetônico definido pelos próprios moradores, dotado de facilidades e serviços comuns e caracterizada por um gerenciamento participativo e não hierárquico com vistas a garantir uma melhor qualidade de vida, saúde e longevidade. Nesse tipo de moradia, na etapa de definição do programa de necessidades para a elaboração do projeto arquitetônico, busca-se prever uma ampla gama de espaços onde ocorrerão atividades que promovam interação entre os moradores. Praticamente a totalidade dessas atividades têm por objetivo promover a formação de laços e vínculos, o desenvolvimento cognitivo continuado e a manutenção da saúde física por meio de alimentação saudável, exercícios físicos e sono de qualidade. A integração do paisagismo à arquitetura física da “cohousing” visa a criação de um conjunto que integre os moradores e a natureza à espiritualidade. É através desse projeto intencional, que promove a interação na comunidade ao longo dos dias e anos, que se forma o capital social, traduzido em solidariedade e apoio mútuo entre os moradores. O projeto arquitetônico, geralmente, é constituído pelas moradias individuas, uma casa comum (com cozinha, refeitório, academia ou sala de exercícios físicos, oficinas variadas, salas de atividades, lavanderia e outros ambientes de interesse), quartos/apartamentos para hóspedes, estacionamento, jardins e paisagismo estimulante. MRF - Quais a suas vantagens quando comparada a outros estilos de moradia para idosos? Já há dados estatísticos; você poderia nos informar dos mais importantes? BCCJ/NCC - As principais vantagens desse tipo de moradia intencional são a qualidade de vida, a longevidade de seus moradores e a redução dos custos com manutenção da saúde. Pelo exposto, verifica-se que é um estilo que provê privacidade e individualidade; segurança e vigilância contínuas, proteção e apoio, vida social e interações multigeracionais na medida das necessidades individuais, estímulos cognitivos e sensoriais e auxílio à manutenção das necessidades básicas com foco na saúde e bem estar. Estudos feitos na Dinamarca mostraram que moradores de “cohousing” viviam em média seis anos a mais que a média da população, iam menos a médicos e tomavam menos medicamentos, economizando mais de trinta mil dólares/morador/ano para o sistema de saúde dinamarquês. MRF Para se conseguir organizar um cohousing é necessária a construção da infraestrutura ou pode-se aproveitar estruturas (prédios ou condomínios)já existentes? BCCJ/NCC - Como se trata é uma comunidade residencial intencional significa que todos os seus moradores optaram por viver esse modelo. Parte deles vai viver o modelo intensamente, parte vai desfrutar os aspectos que mais lhes atraem. Desde que assim decidam, os moradores de um condomínio, horizontal ou vertical já existente, podem, como numa “cohousing”, usufruir das facilidades disponíveis nos condomínios para uma interação social mais intensa, ou mesmo implantar outras facilidades não previstas originalmente. Hoje já temos no Brasil empresas com histórico comprovado no design de convívio em condomínios e comunidades. MRFQuais as principais iniciativas brasileiras e onde elas se encontram? BCCJ/NCC – Atualmente, temos conhecimento de vinte e oito grupos trabalhando para implantar “cohousing” no Brasil, em áreas urbanas, suburbanas e rurais, na praia e na montanha. Esses grupos estão distribuídos pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Sergipe. MRFÉ muito difícil organizar uma “cohousing”? BCCJ/NCC – A primeira “cohousing” sênior foi inaugurada em 1987, na Dinamarca, quinze anos depois da implantação da primeira “cohousing” multigeracional implantada nesse país. Nessa época, a implantação dessa modalidade de moradia podia demorar 8 anos ou mais e cerca de 80% dos grupos acabavam desistindo. Em 1995 um instituto de pesquisas dinamarquês sobre o bem-estar desenvolveu uma metodologia para diminuir o tempo de implantação desse tipo de comunidade. Hoje, nos Estados Unidos, o tempo de implantação das comunidades mais eficazes é da ordem de três anos, graças à existência de arquitetos e facilitadores experientes com o modelo. Com o objetivo de divulgar as experiências acumuladas no exterior por grupos que implantaram “cohousing” e acelerar a implantação desse tipo de comunidade no Brasil, foi lançado recentemente o site www.cohousingemrede.com.br.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

O sono é fundamental para a saúde (revisado e ampliado) – Parte II

Continuação da postagem anterior... Os cientistas acham que ainda devem ser realizados mais estudos para confirmar os padrões normais do sono das pessoas idosas. Em outras palavras, há muitas dúvidas do que é normal para o idoso, nas suas variadas faixas etárias, e o que é realmente problema. Hoje, aos 79 anos, durmo de sete a oito horas diárias com dois ou três despertares noturnos. Mantenho estável o horário de ir para a cama e obedeço ao meu ritmo biológico; percebi que as 22 horas são o melhor horário para começar uma boa noite. Não tenho problemas para adormecer, mas às vezes, fico acordada durante a noite em torno de uma hora e meia, leio um pouco, faço exercícios mentais, tomo um copo de leite morno, faço exercícios de relaxamento corporal e torno a adormecer. Acordo, depois de completar sete ou oito horas, muito bem e animada para iniciar as minhas atividades. Mantenho-me ativa durante todo o dia, não tenho cochilos diurnos e não tomo medicamentos para dormir. Só uso medicamentos prescritos, em dosagem muito baixa, quando passo mais de três ou quatro noites sem dormir e não consigo recuperar o sono. Tenho medo dos malefícios da insônia crônica. Mas isso acontece, em média, três ou quatro vezes ao ano. Para ajudar a adormecer, leio todos os dias algumas páginas de um livro interessante. Fiz da leitura um hábito que tem substituído os medicamentos de forma eficiente. Outra vantagem da leitura é que ela afasta o pensamento da ansiedade e das preocupações, além de ser considerada ótima atividade para exercitar o cérebro e manter atualizado o nosso contato com o mundo. Chego a ler um ou dois livros por semana. Criei o hábito de parar as atividades diurnas (domésticas e profissionais) em um horário perto das 18 horas e fechar o dia com atividades de lazer e prazerosas: cuidar das orquídeas, distrair-me com jogos no computador, costurar, conversar com meus filhos, netos e amigos por vias “online” e outros. Vou para a cama ler, em geral, às 21:30 h. Os especialistas aconselham a manutenção de rotinas diárias incluindo horários de adormecer. Aconselham, também, a prática sistemática de exercícios físicos, alimentação variada e balanceada, vida ativa, boas interações familiares e sociais, lazer e estímulos agradáveis. O ambiente também pode auxiliar: quarto escuro, temperatura agradável, silêncio noturno, tranquilidade, comodidade da cama e do quarto, condições para exercer as atividades preferidas e um alto grau de independência pessoal, isto é, obedecer ao seu corpo, ritmo e preferências. Durante a pandemia de COVID-19, em 2020, algumas pesquisas evidenciaram que a exposição a telas eletrônicas e redes sociais aumentam a dificuldade para adormecer porque afetam como o nosso corpo se prepara para dormir. Em dezembro de 2020, a jornalista Janaína Simões da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo, informou que cientistas da Universidade Federal de São Paulo realizaram pesquisas com o objetivo de estudar as relações entre a privação do sono e a atividade do Sistema Imunológico em casos de infeções, alergias e tratamento do câncer. Esses pesquisadores, em estudos com camundongos, conseguiram evidenciar que a falta de sono pode interferir na atividade do sistema imunológico, prejudicando a capacidade de imunovigilância e diminuindo a resposta ao tratamento, no caso de câncer, diminuindo a formação de anticorpos ou permitindo que casos leves se tornassem mais graves e as pessoas se tornarem mais vulneráveis às infecções. Em 2002, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indicou a acupuntura e a meditação para o tratamento complementar de diversas doenças, incluindo as desordens de ordem psicológica e emocional. Paralelamente, alguns artigos publicados em revistas científicas reconhecidas têm mostrado que a acupuntura, realizada por especialista, pode auxiliar o idoso a recuperar seu sono saudável. Parece que a acupuntura regula a secreção de melatonina e a liberação de endorfina, um analgésico que nosso corpo fabrica de forma natural. Da mesma forma, a meditação tem sido muito estudada e indicada para complementar o tratamento de transtornos relacionados ao estresse, ansiedade, dores, desconfortos e insônias. Boa noite!!!!