quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
A felicidade faz bem à saúde – Parte II
Continuação da postagem anterior....
Quando falo de felicidade e espiritualidade lembro-me de uma grande amiga que morreu aos 56 anos; despediu-se da vida muito nova. Era uma das mulheres mais bonitas que conheci, extremamente religiosa e praticante, casada com um homem apaixonado e herdeiro de família rica e importante. Teve dois filhos saudáveis; morava numa casa muito bonita e muito confortável; o marido gostava de lhe comprar roupas lindíssimas e enfeitá-la com casacos de pele valiosos. Desde jovem era sempre infeliz; quando tinha notas altas na escola achava que não as merecia e lastimava a “injustiça” dos professores para com seus colegas. Não conseguia ser independente, precisava de alguém para tudo e tinha uma auto estima muito baixa. Achava que os pretendentes nunca gostavam dela e disse-me várias vezes que ser bonita era uma fonte de infelicidade. Mesmo após o casamento via a vida por um prisma muito negativo, queixava-se da casa, do marido e da família dele, achava sempre falhas em tudo, vivia cada vez mais deprimida. Desistiu da vida, foi-se embora muito cedo. Só achava consolo na religião que, talvez, a tivesse ajudado a viver até aos 56 anos.
Os estudos que avaliam a correlação entre personalidade e felicidade comprovam que ser extrovertido e ter uma autoestima elevada estão relacionados a índices mais altos de felicidade. O otimismo como traço de personalidade também pode afetar positivamente o nível de felicidade. Parece que é o otimismo que ajuda a obter sucesso e não o contrário. Outro traço de personalidade que afeta positivamente a felicidade é a resiliência, ou seja, a capacidade de enfrentar e superar as situações adversas, saindo fortalecido e transformado dessas experiências.
O Jornal da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) publicou um texto sobre um livro - Envelhecendo junto ao mar - de autoria da professora Vilma C. de Carvalho que explica a relação entre felicidade, satisfação ou prazer e a saúde orgânica. O cérebro produz uma substância (endorfina) que circula no organismo e faz as células funcionarem melhor. Portanto, ficar contente faz muito bem à saúde física e mental. Populações com altos índices de afetos positivos são mais longevas e saudáveis. A maneira de ver a vida, de enfrentar as perdas e o estresse, os comportamentos saudáveis, como exercícios físicos sistemáticos e uma alimentação cuidadosa podem desacelerar o processo de envelhecimento.
Para os japoneses, dentro de nós carregamos o nosso próprio foco de vida, aquilo que nos dá prazer, que nos impulsiona rumo ao futuro e isso, o “ikigai”, deve ser o centro das nossas próprias opções. O que nos motiva? O que gostamos de fazer? Quais nossas opções que respeitam esse foco? Somos únicos, isto é, o que nos dá prazer não é o mesmo que ocasiona prazer nos outros. É o respeito por nós próprios e pela nossa maneira de ser que se transforma em saúde e longevidade.
Os gregos, há mais de 2400 anos, embora tivessem menos anos de expectativa de vida, não desfrutassem do conforto e das facilidades proporcionadas pela tecnologia e pela ciência para nos assegurar uma vida mais saudável, sabiam, tanto quanto nós, sobre felicidade.