quinta-feira, 7 de maio de 2020

As diretrizes da alimentação saudável (II)

Composição com garrafas de vinho antigas, um tacho de metal amarelo e uma travessa de louça popular portuguesa sobre armário mineiro. Séc. XX
 Continuação da postagem anterior.....
A experiência ensinou-me que um alimento pode não agradar quando é preparado de uma maneira, mas pode agradar se seu preparo for alterado. Percebi que as crianças não têm facilidade em comer saladas de alface, rúcula, agrião e outras folhas e, para superar essa dificuldade, especializei-me em preparações diversas, molhos criativos e variados, sucos de folhas verdes, com frutas e outras criações similares. Com os idosos podemos fazer o mesmo. Um prato muito colorido é mais saudável que aquele de poucas cores. Tenho notado nas pessoas um mecanismo interessante. Às vezes provam um alimento e não gostam, mas, com o tempo e novos testes, acabam gostando. Podemos aplicar isso a nós, os idosos.
            As diretrizes de alimentação devem direcionar, não só os tipos de nutrientes e alimentos, como também a sua quantidade. A quantidade de alimentos deve ser aquela que atenda somente as necessidades específicas do indivíduo. As especificidades ocorrem por conta do seu sexo, seu gênero de atividades, sua composição corporal, o clima e as características ambientais, seus hábitos de vida e sua genética. Se houver excesso de alimentação incorre-se no grande risco da obesidade, se houver falta de nutrientes corre-se o risco de fome e fraqueza excessiva. No entanto, parece que quantidades menores são menos perigosas que maiores. Experiências científicas com pouca alimentação em animais tenderam a aumentar a longevidade da população de estudo. No entanto, atenção, a fome também é mais lenta a aparecer e menos nítida quando aparece. Como todos os mecanismos do corpo idoso, a sensação de ter vontade de comer está mais demorada e o indivíduo corre o risco de comer muito pouco. O controle do peso e a observação da evacuação são de grande ajuda.
            Em 2006, o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, no Caderno de Atenção Básica 19, publicou os dez passos para “uma alimentação saudável para pessoas idosas” que oferece subsídios aos profissionais na orientação dos indivíduos com muita idade e suas famílias. Essas orientações incluem as doses de alimentos que se aconselham para os idosos: a) cinco vezes por semana arroz com feijão; b) diariamente porções de legumes e verduras e três de frutas; três porções de leite e derivados; uma porção de carne, aves peixes ou ovos; e uma porção de óleos vegetais, manteiga, margarina ou azeite.
            Além da quantidade dos alimentos também existem diretrizes quanto à distribuição das refeições ao logo do dia; são indicadas de cinco a seis refeições. É mais adequado o maior número de refeições porque as funções relacionadas à digestão, à assimilação, ao transporte dos nutrientes e à eliminação de resíduos estão mais demoradas e lentas. O fracionamento das refeições adapta-se melhor à lentidão do idoso.
            Finalmente, vamos falar sobre as diretrizes que guiam a escolha e o preparo dos alimentos para manter a saúde dos indivíduos de muita idade. A ciência indica claramente que os alimentos fritos não são tão saudáveis como os cozidos, cozidos no vapor, assados ou grelhados. O óleo, mesmo de boa qualidade, quando é submetido a altas temperaturas transforma-se em gordura saturada, muito prejudicial à saúde porque causa várias doenças. Mesmo o azeite de oliva não deve ser aquecido devido à produção de várias alterações químicas. É aceitável uma fritura uma vez por semana, mas deve-se desistir da famosa combinação bife frito e batata frita. Ainda, em relação ao preparo aconselha-se a retirar gorduras das carnes antes de prepará-las.
            Optar é uma tarefa difícil, mas não há alternativa. A indústria alimentícia tem facilitado muito a nossa vida, mas ela esconde perigos impensáveis, utiliza substâncias, como conservantes e outros, que não estão ainda pesquisadas e podem originar problemas graves. Assim, é aconselhável o uso de alimentos naturais, orgânicos e não processados industrialmente. Antigamente, faziam-se conservas em casa, mas a vida moderna inibe essa tarefa.
            Alguém disse que somos aquilo que comemos.