Composição com garrafas de vinho antigas, um tacho de metal amarelo e uma travessa de louça popular portuguesa sobre armário mineiro. Séc. XX |
Continuação da postagem anterior.....
A experiência ensinou-me que um alimento pode não
agradar quando é preparado de uma maneira, mas pode agradar se seu preparo for
alterado. Percebi que as crianças não têm facilidade em comer saladas de
alface, rúcula, agrião e outras folhas e, para superar essa dificuldade,
especializei-me em preparações diversas, molhos criativos e variados, sucos de
folhas verdes, com frutas e outras criações similares. Com os idosos podemos
fazer o mesmo. Um prato muito colorido é mais saudável que aquele de poucas
cores. Tenho notado nas pessoas um mecanismo interessante. Às vezes provam um
alimento e não gostam, mas, com o tempo e novos testes, acabam gostando. Podemos
aplicar isso a nós, os idosos.
As
diretrizes de alimentação devem direcionar, não só os tipos de nutrientes e
alimentos, como também a sua quantidade. A quantidade de alimentos deve ser
aquela que atenda somente as necessidades específicas do indivíduo. As
especificidades ocorrem por conta do seu sexo, seu gênero de atividades, sua
composição corporal, o clima e as características ambientais, seus hábitos de
vida e sua genética. Se houver excesso de alimentação incorre-se no grande
risco da obesidade, se houver falta de nutrientes corre-se o risco de fome e
fraqueza excessiva. No entanto, parece que quantidades menores são menos
perigosas que maiores. Experiências científicas com pouca alimentação em
animais tenderam a aumentar a longevidade da população de estudo. No entanto,
atenção, a fome também é mais lenta a aparecer e menos nítida quando aparece.
Como todos os mecanismos do corpo idoso, a sensação de ter vontade de comer
está mais demorada e o indivíduo corre o risco de comer muito pouco. O controle
do peso e a observação da evacuação são de grande ajuda.
Em
2006, o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, no Caderno de
Atenção Básica 19, publicou os dez passos para “uma alimentação saudável para
pessoas idosas” que oferece subsídios aos profissionais na orientação dos
indivíduos com muita idade e suas famílias. Essas orientações incluem as doses
de alimentos que se aconselham para os idosos: a) cinco vezes por semana arroz
com feijão; b) diariamente porções de legumes e verduras e três de frutas; três
porções de leite e derivados; uma porção de carne, aves peixes ou ovos; e uma
porção de óleos vegetais, manteiga, margarina ou azeite.
Além
da quantidade dos alimentos também existem diretrizes quanto à distribuição das
refeições ao logo do dia; são indicadas de cinco a seis refeições. É
mais adequado o maior número de refeições porque as funções relacionadas à
digestão, à assimilação, ao transporte dos nutrientes e à eliminação de
resíduos estão mais demoradas e lentas. O fracionamento das refeições adapta-se
melhor à lentidão do idoso.
Finalmente,
vamos falar sobre as diretrizes que guiam a escolha e o preparo dos alimentos
para manter a saúde dos indivíduos de muita idade. A ciência indica claramente
que os alimentos fritos não são tão saudáveis como os cozidos, cozidos no
vapor, assados ou grelhados. O óleo, mesmo de boa qualidade, quando é submetido
a altas temperaturas transforma-se em gordura saturada, muito prejudicial à
saúde porque causa várias doenças. Mesmo o azeite de oliva não deve ser
aquecido devido à produção de várias alterações químicas. É aceitável uma
fritura uma vez por semana, mas deve-se desistir da famosa combinação bife
frito e batata frita. Ainda, em relação ao preparo aconselha-se a retirar
gorduras das carnes antes de prepará-las.
Optar é uma tarefa difícil, mas não
há alternativa. A indústria alimentícia tem facilitado muito a nossa vida, mas
ela esconde perigos impensáveis, utiliza substâncias, como conservantes e
outros, que não estão ainda pesquisadas e podem originar problemas graves.
Assim, é aconselhável o uso de alimentos naturais, orgânicos e não
processados industrialmente. Antigamente, faziam-se conservas em casa, mas
a vida moderna inibe essa tarefa.
Alguém disse que somos aquilo que
comemos.