Candelabros de estanho, do Séc XVIII, portugueses, sobre toalha de linho bordado a seda, estilo Castelo Branco, do Séc XIX. |
Continuação da postagem anterior...
Estamos sempre a tomar decisões e
quando optamos por uma, perdemos as demais alternativas. Às vezes a perda é
dolorida e a angústia da dúvida também dói. Os princípios gerais ajudam a
acertar mais vezes ou a corrigir mais depressa.
Já falamos da unicidade do nosso
ser, da integração dele com o seu contexto e das alterações constantes desse
conjunto. Mas podemos continuar esta reflexão com outras características.
Uma particularidade importante do
ser humano é que cada indivíduo é único; não há dois iguais. A herança genética
que explica cerca de 40% da nossa maneira de ser é única e as vivências e
experiências não se repetem. Os comportamentos e reações de hoje são moldados
por tudo que nos aconteceu, sentimos, vimos e vivenciamos. Portanto, não
podemos desejar ser saudáveis com tudo aquilo que faz os demais saudáveis, não
sentimos e não percebemos exatamente o que os outros sentem e percebem, não
teremos sempre prazer com as mesmas coisas que dão prazer aos outros e nem
sempre nos sentimos realizados com aquilo que realiza as outras pessoas.
Precisamos nos conhecer e observar para termos consciência de nossas
particularidades e especificidades. Temos que gostar de nós, nos respeitar e
cuidar para ser autênticos e para termos sucesso quando optamos ou decidimos. O
indivíduo que conhece e respeita aquilo que é, cuida-se, preserva sua
identidade e integridade, almeja qualidade de vida e quer atingir um alto nível
de vida saudável. Precisa desenvolver ao longo dos anos uma consciência de si
próprio, mantermo-nos atentos ao que somos, ao que sentimos, ao que fazemos, ao
que gostamos e por que atuamos de determinadas formas.
Foram necessários, também, muitos
anos para compreender algumas coisas sobre a velhice ou a “muita idade”. O
desgaste e a degeneração que dão origem ao envelhecimento têm uma cadência ou
ritmo particular para cada indivíduo e há inúmeros comportamentos e atitudes
pessoais capazes de acelerar ou desacelerar esse processo. Mas ele é implacável.
Uma das atitudes que pode acelerar
o desgaste funcional do nosso corpo é a pessoa se auto declarar incapaz,
desistir precocemente de realizar certas atividades, deixar de fazer alguma
coisa porque acha que não tem mais idade ou que alguém pode não achar correto.
A aposentadoria é um exemplo de estímulo para abandonar atividades que poderiam
continuar a manter saudáveis determinadas funções orgânicas, incluindo as
mentais. Temos que continuar a manter o controle de nossas vidas, do nosso
dinheiro, da nossa independência para não perdermos, mais rapidamente, a
capacidade de o fazer.
Outra atitude desaconselhável é o
conformismo, o negar-se a fazer adaptações na sua vida. A vida exige muitas
mudanças, exige adaptações a novas formas de viver, temos que continuar a
aprender novas habilidades, a modificar rotinas e hábitos. Temos que nos manter em constante interação
com as novas gerações que, se precisam da nossa experiência, ajudam-nos a
conviver com a modernidade e a desenvolver novas capacidades. Não podemos
desistir, não podemos deixar de lutar, não podemos nos auto abandonar. A
resiliência é a capacidade de se adaptar a novas situações, cria flexibilidade
em nossas atitudes e é um dos mais importantes fatores para desacelerar nossa
degradação vital.
Finalmente, notei ao longo da
vida, que o esforço e a capacidade para o fazer são próprios do ser humano
desde que ele nasce. Para nascer tem que fazer força e para viver também. Em
geral, as decisões sobre aquilo que nos acontece são sempre de nossa responsabilidade;
dependem de opções nossas. Não adianta “colocar a sujeira debaixo do tapete”,
não adianta culpar os outros pelo que vivemos, não adianta fingir que não vemos
e viver na fantasia. Para solucionar os problemas reais só podemos contar com
os recursos reais e a realidade do contexto.
Tudo que eu disse é óbvio e a
maioria das pessoas sabe, mas, na hora de agir, esquece.