sábado, 5 de outubro de 2019

Gripes? Diarreia? Lavar as mãos I


Composição com uma toalha antiga de linho e rendas do Séc. XIX


Gripes? Diarreias? Lavar as mãos I
            Há alguns dias, após ter lido um artigo sobre a importância de lavar as mãos para prevenir doenças, fui fazer os meus exercícios na academia propondo-me a observar onde colocava as minhas mãos. Elas abriam as portas, tocavam em inúmeros equipamentos de ginástica, apertavam as mãos e a roupa de outras pessoas, coçavam meu nariz, puxavam meu cabelo para trás, colocavam a camiseta no lugar, repuxavam as manivelas de controle dos equipamentos, etc. Em resumo, andavam de lá para cá, possivelmente, espalhando milhares de micróbios, para os outros e para mim mesma, transformando as minhas mãos em um ótimo veículo de transporte desses agentes patogênicos e suas doenças infecciosas, fontes de transtornos, febres, fraquezas, dores, tosses e mil outros incômodos. Elas possuem um conjunto de bactérias permanentes, difíceis de serem eliminadas, células descamativas, bactérias transitórias, suor, sujidade, oleosidade e outros elementos que explicam a efetividade do transporte de muitos agentes patogênicos. Compreendi de imediato o artigo que acabara de ler.
            Se esse quadro de alto risco à saúde de qualquer indivíduo é preocupante, em se tratando do idoso a gravidade se multiplica. A vulnerabilidade do idoso é maior devido a vários fatores. O sistema imunológico está enfraquecido devido à redução da produção dos anticorpos próprios do envelhecimento dos órgãos e tecidos. Além disso, existe um acúmulo de substâncias oxidativas próprias dos muitos anos de vida que coloca em risco a integridade do crescimento celular. Acrescente-se, também, as deficiências do atendimento às necessidades fisiológicas, tais como, sono deficitário, deficiências alimentares e de hidratação, muitas atividades sedentárias, higiene precária e outros, impedem o organismo de funcionar plenamente. Finalmente, o alto número de medicamentos para o controle dos problemas crônicos que aumentam as incompatibilidades e interações entre as drogas ou entre as doenças e as drogas, é outro fator que pode justificar a maior gravidade dos quadros infecciosos em idosos se comparados aos dos jovens.
            Os efeitos positivos na diminuição das infecções com a higienização das mãos não é um conhecimento novo. No Século XIX, um médico, Semmelweis, mostrou que a lavagem das mãos, antes de tocar em uma parturiente, poderia diminuir significativamente as infecções nessas mulheres após o parto. Atualmente, inúmeras publicações científicas comprovam que essa estratégia, além de barata, é fácil de ser executada e não exige recursos sofisticados. Também a literatura científica constata e prova que há uma relação estreita entre a higienização das mãos e a redução de infecções. Quanto maior o número de lavagens, maior é a redução das infecções. E não é só isso. A maneira de lavar as mãos pode aumentar a eficácia do procedimento. Não é só lavar, o ideal é lavar de forma eficiente.
                                                                    (continua na próxima postagem)