quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Como é difícil pedir ajuda!!!!!! - Parte II

Continuação da postagem anterior…. Várias pesquisas e estudos constatam que o homem tem maiores dificuldades que a mulher em relação a cuidados com sua saúde, frequentar os consultórios médicos, tratar dos dentes, adquirir aparelhos auditivos, usar os óculos e cuidar de si. Só o fazem quando a gravidade já atrapalha o trabalho ou as dores incomodam muito. Foram habituados a que “precisam ser fortes”, independentes, não podem se queixar, “não podem chorar”. Não podem ser vistos como frágeis, vulneráveis, limitados. As pesquisas demonstram que, nos homens, os problemas de saúde só são cuidados em fase mais adiantada, mais complicada e com menor chance de solução. Para o idoso, seja homem seja mulher, a ajuda de terceiros, o auxílio de profissionais ou dos familiares é o único recurso que lhes pode dar uma vida com bem-estar e melhorar sua sobrevivência. Vencer o medo, a vergonha, o orgulho ou a vaidade para pedir ajuda é necessário apesar de dolorido e difícil. E quanto mais cedo, melhor. As consequências de não expressar essa necessidade também traz muito sofrimento e muitos problemas. Hoje, compreendo melhor o meu pai. Ele deve ter sofrido muito por não ser capaz de vencer o seu orgulho. Sutilmente, recusava ir ao médico, pedir uma orientação profissional, pedir ajuda aos filhos. Foi roubado, não foi compreendido, aceitou que supuséssemos que ele não respeitava compromissos, não compreendíamos seus comportamentos anômalos, aceitou críticas, sofreu rejeições. Tudo por falta de compreensão nossa e conhecimento sobre estes aspectos do envelhecimento. Uma das grandes dificuldades do envelhecer é que os jovens nada sabem sobre o que os de muita idade sentem ou passam. Nós, quando percebíamos, oferecíamos auxílio, mas estávamos tão habituados a obedecer que aceitávamos pacificamente suas recusas. Como erramos!!!!! Fomos educados por ele a ser liberais, a aceitar que os demais tinham direitos de escolher o que queriam e que cada pessoa deveria ser respeitada nas suas particularidades. Jamais impúnhamos a nossa maneira de pensar. Portanto, temos que pedir ajuda quando for necessário. Temos que vencer as alegações que usamos, medo da rejeição, vergonha, orgulho ferido, vaidade, e enfrentar o “monstro” da solicitação de auxílio. Mas….não é de qualquer forma. Se tomarmos alguns cuidados evitamos sofrimentos e aliviamos dores. A minha experiência diz-me que se pedirmos para pessoas que gostam da gente e são generosas, é mais fácil. É mais fácil pedir para pessoas pacientes que para aquelas que não têm tempo nem para si próprias. É mais fácil pedir para pessoas com muita idade, amigos, parentes idosos ou vizinhos do que para jovens que não podem entender tão bem nossas dificuldades. Os generosos vão gostar de nos ajudar, sentem-se úteis. A forma de pedir também pode ajudar. Facilita muito ser clara e objetiva quando conseguimos e tentar explicar muito bem como, quando e em quê precisamos de ajuda. Às vezes, é útil fazer uma lista, às vezes uma agenda, às vezes uma demonstração ou às vezes um desenho. Quando aguardamos um momento apropriado ou escolhemos um horário de tranquilidade em que o auxiliar pode nos dar atenção, os empecilhos serão minimizados. Pedidos mais complexos podem ser feitos em reuniões marcadas para se tratar do assunto. Pedir ajuda, sim, mas com discernimento e racionalidade. Escolher, com capricho para quem pedir, quando pedir e como pedir. Continua na próxima postagem...