quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Ritmo circadiano: o relógio biológico do nosso corpo - Parte I

Relógio de parede, do início do Sec. XX, modelo oito, tipo Ansônia. Pertenceu a um antigo comerciante da Bahia


Se estamos preocupados com a nossa saúde e em prover um ambiente saudável para melhorar o funcionamento de nossas células, temos que compreender o nosso ritmo biológico.

     Vejamos! Você já percebeu que todos os dias e quase às mesmas horas nós dormimos, acordamos, comemos e  evacuamos? Ou seja, em todos os dias esses fenômenos se repetem constantemente. Essa constância das mudanças físicas e mentais é mantida por um relógio interno biológico que é chamado ciclo ou ritmo circadiano. O termo circadiano refere-se ao período das 24 horas.

      Sabe-se que esse controle está ligado aos mecanismos cósmicos, como por exemplo a noite e o dia (ciclo sono-vigília), a luz e a escuridão, mas os hábitos podem influenciá-lo. Quando fazemos grandes viagens de avião, experimentamos sintomas relacionados à defasagem horária ou “jet lag”, durante alguns dias, até nos adaptarmos aos novos horários.

A ciência que estuda esses fenômenos é a Cronobiologia que abrange também a regularidade de certos eventos relacionados às estações do ano e às alterações de temperatura ambiental. Essa ciência divide os seres humanos em 3 categorias: matutinos, vespertinos e indiferentes conforme sua preferência quanto ao ciclo sono-vigília. Os matutinos levantam-se cedo e trabalham melhor de manhã; os vespertinos estão mais ativos à noite e preferem dormir até mais tarde.

Ainda é uma característica biológica pouco conhecida, inclusive, não se sabe a finalidade desse ciclo sob o ponto de vista biológico e não se conhece com precisão como se dá seu controle.

O indivíduo adulto sofre pressões que o afasta de suas tendências biológicas de horário. O trabalho, a escola, a vida social, as rotinas diárias, os hábitos da família ou do grupo são alguns fatores que exigem dos indivíduos uma definição de horários que, muitas vezes, não corresponde ao seu relógio biológico interno. E essa situação ocasiona muitos problemas de saúde, nem todos ainda bem conhecidos. As pessoas com trabalho noturno ou organizado sob a forma de plantões ou turnos, com variações constantes de horário, são os que mais se queixam.

    Também, não se conhecem muito bem as alterações no funcionamento desse relógio interno provocadas pelo envelhecimento do ser humano. Alguns estudos assinalam que os idosos tendem a dormir e a acordar mais cedo. Possivelmente, porque não sofrem as pressões dos horários impostos pela sociedade. Assim, ficam mais livres para permitir que suas atividades respeitem o seu verdadeiro horário biológico.

    Lembro-me de, quando era muito jovem, considerar-me vespertina, gostar de deitar tarde e das atividades da noite. Depois, o trabalho obrigou-me a levantar muito cedo e adaptei-me muito bem ao ir dormir à volta das 22 horas. Como estive empregada até aos 77 anos, passei a vida a dormir cedo. Mesmo assim, hoje, que tenho liberdade para escolher o horário, ainda vou mais cedo para a cama onde leio, respondo as minhas mensagens, faço jogos e resolvo charadas numéricas. Muitas vezes, antes das 22 h. já apago a luz e durmo. Consequentemente, acordo, bem disposta, entre as 5 e 6 horas da manhã. Afinal sou matutina, concentro-me mais facilmente no início do dia e gosto de realizar as atividades mais exigentes logo cedo.

Continua na próxima postagem...