Uma palmatória e um candelabro eletrificado, de metal amarelo, do início do Séc. XX |
Até
há poucos anos escutei dizer que “quem madruga Deus ajuda”. Antigamente, os
pais acordavam as crianças cedo para lhes incutir “bons hábitos”. Pensavam que
dar bom exemplo era acordar cedo e dormir poucas horas por dia porque era sinal
de pessoa trabalhadora e ativa. As pessoas tinham orgulho em dizer que se
sentiam muito bem dormindo apenas quatro ou cinco horas por dia. Dormir, para
as gerações passadas, era sinônimo de preguiça.
Aos
15 anos eu dormia cerca de oito a nove horas diariamente e, se não completava a
porção de sono necessária, passava o dia todo sonolenta. Não falava muito sobre
isso para não dizerem que eu era preguiçosa. Percebi também que, quando ficava
uma noite sem dormir, no dia seguinte precisava dormir o dobro do tempo. Os
meus pais eram sábios, respeitavam muito a minha necessidade de sono e
favoreciam as condições para que eu pudesse dormir o tempo que fosse
necessário. Eles também dormiam muito bem.
A partir de meados do século passado
o conhecimento científico sobre o sono se desenvolveu muito devido ao
aparecimento de instrumentos especializados e bastante precisos que podiam
captar informações cerebrais com maior acuidade e confiabilidade. Assim, as
pesquisas científicas puderam intensificar-se e, atualmente, já está
demonstrado que dormir o necessário e descansar após exercícios físicos
intensos são importantes para a saúde.
O sono é uma necessidade fisiológica com
importante função restauradora e reguladora de todo o organismo, necessária
para a preservação da vida saudável. Isso justifica o indivíduo estar atento à
qualidade dessa função e procurar auxílio profissional sempre que note
alterações.
Parece que o sono é induzido pela
liberação do hormônio hipofisário, a melatonina. Alguns horários durante as 24
horas do dia, como madrugada e após o almoço, favorecem a liberação dessa
substância. A exposição ao sol, a ingestão de carboidratos e banhos mornos são
alguns fatores que também aumentam a produção de melatonina. Esses agentes
podem ser usados para melhorar a qualidade do sono nos idosos.
As necessidades humanas de sono
diário nas várias etapas da vida - recém-nascidos, crianças e jovens - já são
bem conhecidas. Sabe-se, também, que há variações de indivíduo para indivíduo e
que existem vários determinantes pessoais e contextuais que auxiliam a pessoa a
dormir melhor ou pior.
Quanto ao sono do idoso, ainda há
muito a ser pesquisado e estudado, mas, já se sabe que, mais da metade dos
idosos tem problemas relacionados ao sono motivados por dor ou desconforto
físico, fatores ambientais, ansiedade, estresse, preocupações e outros
desconfortos emocionais, medicamentos e alterações na saúde. As modificações no
padrão do sono alteram o equilíbrio orgânico (balanço homeostático) e têm
impacto negativo no sistema imunológico, nas funções psicológicas, no
desempenho geral, no humor, aumentam o aparecimento de comportamentos
alterados, aumentam as dificuldades de recuperação e diminui a habilidade de
adaptação. A incapacidade para dormir bem está relacionada com a diminuição
mais acentuada da função cognitiva, maiores riscos de quedas e acidentes,
prejuízos nas funções respiratórias e cardiovasculares, necessidade antecipada
de cuidadores e aumento da mortalidade dos idosos.
Continua
na próxima postagem.....